APRESENTAÇÃO
Um
dia eu ouvi D. Maria José Elias, esposa do Rev. Antônio Elias,
dizer
que
ela fazia parte da geração que nunca comeu peito de frango, pois
quando ela era
criança,
o peito de frango era para adultos e, quando ela se tornou adulta, o
peito de
frango
era das crianças.
Gerações
passam, culturas se desenvolvem, comportamentos mudam,
mas
há coisas que ultrapassam a barreira dos anos, dos séculos e dos
milênios. Há
verdades
da alma humana que não têm época, porquanto não têm a ver com o
tempo,
mas
com o que cada um de nós é.
O
Drama de Absalão,
se contado com outros nomes e outras
referências,
poderia muito bem ser um roteiro de novela de horário nobre ou ainda
ser
manchete
sensacionalista de jornais e de telejornais, além de servir de
matéria para
revistas
nacionais e internacionais, tais como aquelas que exploram os
escândalos da
Monarquia
Britânica. Até porque O
Drama de Absalão foi
um fato real.
Acredito
que, durante a leitura deste booklet,
muitos irão se identificar
com
situações semelhantes presentes em suas casas, em suas vidas.
Este
texto foi extraído de uma mensagem do Rev. Caio, na convenção
da
Adhonep, em 1993. Até ouvi-la, eu nunca tinha pensado do ponto de
vista de
Absalão.
Fiquei impressionada com a contextualidade deste episódio e de como
ele se
aplica
às crises familiares desta última década do século XX.
A
mensagem foi transcrita e transformada neste booklet
que
hoje
oferecemos
a você, através do qual esperamos que, em nome de Jesus, as
maldições
familiares
sejam quebradas na sua vida e que O
Drama de Absalão não
se repita
jamais
em sua família.
Boa
leitura!
Alda
D Araújo
INTRODUÇÃO
Nos
últimos anos, tem-se falado muito, em nosso meio, sobre quebra
de
maldições,
sobretudo quebra de maldição dos antepassados: pactos,
convênios,
vínculos
que
nossos avós, bisavós, pais ou aqueles que nos criaram, ou aqueles
que
formularam
a cultura da nossa família e da nossa casa firmaram, os quais
geraram e
gestaram
a ambiência familiar em função da qual somos criados. Certamente,
esses
pactos,
muitas vezes, estão impregnados de cargas malignas, de informações
malignas,
de espíritos malignos e de compreensões malignas das quais
precisamos
ver-nos
livres. São cargas que, às vezes, nos acompanham a mente, que se
enraízam
até
em nosso subconsciente, as quais são responsáveis pelos estímulos
e pelas
respostas
erradas que damos à vida e também por outras coisas que tantas
vezes
costumam
nos acompanhar sem que percebamos.
Acredito
que há aspectos seríssimos dessa preocupação relacionados ao
desejo
de nos vermos livres de todas essas cargas e condicionamentos
malignos, de
toda
cultura e influência demoníacas vindas do passado, que traspassam
nossas
famílias.
Precisamos discernir essas coisas para nos ver livres delas.
Eu
me preocupo, todavia, com o fato de que não tem havido a mesma
preocupação
nem a mesma atenção em relação àquelas que não são as
maldições do
ontem,
àquelas que não são as maldições do passado, as quais não têm
nada a ver
com
o vovô, com a vovó, com o tio, com o pai ou com a mãe. Refiro-me,
porém, às
maldições
de hoje.
Aquelas que têm a ver com você; que não têm a ver com a
cultura
dos seus antepassados, mas com a cultura que você está criando
dentro de
casa;
que têm a ver com a sua total responsabilidade; aquelas que repousam
exclusivamente
sobre os seus ombros. Você
é a pessoa absolutamente responsável
por
discerni-las, por percebê-las e por impedir que elas cresçam,
espalhem-e e se
enraízem
dentro da sua própria vida.
Neste
sentido, eu acredito que Davi e seu filho Absalão constituem o
melhor
e o mais trágico exemplo de um pai e de um filho que não
conseguiram, a seu
tempo
e na hora apropriada, discernir algo extremamente maligno que
começava a
crescer
entre eles: raízes
de morte, de amargura, de ódio, de destruição, as
quais
haveriam
de abalar radicalmente suas vidas e infelicitá-los para sempre.
Em
Malaquias
4:6,
lemos o seguinte: Ele
converterá o coração dos
pais
aos filhos, e o coração dos filhos aos pais; para que eu não venha
e fira a
terra
com maldição .
Este
texto nos fala que é condição absolutamente imprescindível para
que
maldições nã família sejam cancelas não apenas que você ore
repreendendo-as;
não
apenas que você discirna o que houve no passado. No entanto, diz-nos
a palavra
de
Deus que é absolutamente importante, quanto ao cancelamento dessas
maldições,
que
o
coração do pai se converta ao seu filho; que o coração do filho
se converta a seu
pai;
que o coração do marido se converta a mulher; que o coração da
mulher se
converta
ao marido; que o coração da mãe se converta à filha; que o
coração da filha
se
converta à mãe.
Se
não houver essa quebra de ódios, de amargura, gerando, por
conseguinte,
reconciliação, encontro, abraço, choro, perdão, expiação; se a
cruz de
Cristo
não for erguida no meio, no centro dos seus vínculos familiares
mais íntimos,
mais
profundos; se a cruz não for erguida na sua sala, no seu quarto, na
sua cozinha
ou
dentro do armário de seus filhos; se a cruz não for erguida nas
gavetas íntimas,
fechadas,
lacradas, enclausuradas, cheias de amarguras guardadas; se a cruz,
enfim,
não
for erguida dentro de sua casa, esteja certo de que você será
ferido com
maldição:
maldição
do ódio, que traz destruições que minam a vida e arruínam a
existência
de qualquer pessoa.
Eu
quero convidar você a olhar comigo a vida de Davi e a vida de
Absalão,
a partir do capítulo 13 de II Samuel até o capítulo 18 deste mesmo
livro.
BOAS
INTENÇÕES NÃO SÃO SUFICIENTES
PARA EVITAR A MALDIÇÃO
FAMILIAR
Inicialmente,
deve-se considerar que Davi era um homem de ação como
muitos
de nós, homens e mulheres do século XX: gente que decide, gente que
negocia,
gente que toma decisões com praticidade; gente que não tem tempo a
perder,
gente ocupada, que administra muitas coisas a um só tempo. Davi era
assim.
Ele
tinha um reino para administrar. A sua vida era ocupadíssima,
porquanto era um
homem
de ação, de lutas, de decisões, de desafios, de muitas emoções e
de muito
estresse.
Quando
se lê o livro de Salmos, especialmente aqueles compostos por
Davi,
descobre-se o quão estressado ele era.
Você
que me lê sabe exatamente do que estamos tratando, uma vez que
há
muitas pessoas que nos cercam que passam pela via estreita de uma
existência
ocupada,
cheia de ações e de emoções. Talvez, você mesmo, neste momento,
está se
identificando
com uma delas ou __
quem
sabe? __
com
Davi, este personagem tão
longínquo
temporalmente, mas tão próximo de nós existencialmente.
Além
disso, Davi era um pai muito bem intencionado.
Impressionam-me
as boas intenções dele como pai. Pode-se discerni-las
através
de alguns nomes que ele colocou nos seus filhos, isto porque, na
antigüidade,
os
nomes eram mais dotados de significado do que hoje em dia. Naquele
tempo, o
nome
revelava muito as intenções e as expectativas que os pais tinham em
relação
aos
filhos; os nomes não eram apenas escolhidos por
estarem na moda ou
por,
sonoramente,
produzirem um efeito agradável. Davi esperava muitas coisas boas de
seus
filhos, e ele as traduz por meio dos nomes que lhes dá, senão,
vejamos:
__
ADONIAS
__
aquele
que pertence a Adonai, ao Senhor .
Note
que ele tem um filho e diz por meio do nome que lhe dá:
Este
é de Deus!
__
SALOMÃO
__
que
significa pacífico
.
__
ABSALÃO
ou ABSHALOM __
que
significa o
pai da paz .
Imagine,
por exemplo, o que Davi tinha em mente quando, vendo o
pequeno
neném, chamou-o de Abshalom. Quanta esperança de que muitas
realizações
aconteçam
na vida daquela criança e por meio dela! Quem sabe Davi imaginou que
Absalão
poderia vir a ser seu sucessor, o pacificador do país, o agregador
de Israel, o
homem
forte no qual a graça e a unção de Deus repousariam?...
Ninguém
põe um nome assim num filho imaginando que, um dia, esse
mesmo
filho irá traí-lo, gerando um golpe de estado, a fim de destronar o
próprio pai
do
poder; ninguém põe um nome assim num filho sabendo que este filho
trará
vergonha
nacional e a desgraça ao seu pai.
Meus
filhos foram nascendo, e minha mulher e eu fomos colocando-lhes
nomes
que traduziam esperança:
__
CIRO
__
que
significa o
libertador .
__
DAVI
__
que
significa aquele
a quem Deus ama .
__
LUKAS
__
não
tem um significado, mas uma história de amor a Deus e
ao
próximo: servo de Deus e médico, que escreveu a história dos Atos
dos Apóstolos.
__
JULIANA
__
a
filha da graça .
Quem
são seus filhos?!
Davi
gerou filhos e sonhou o melhor para eles e os colocou diante de
Deus
com o melhor das suas expectativas.
Agora,
em nome de Jesus, preste atenção a isso: conquanto
Davi
fosse
um pai que sonhasse com o bem dos filhos, ele, no entanto, não era
capaz
de transformar suas boas intenções em investimento de vida na
existência
dos filhos.
Sonhou o melhor sonho, desejou o melhor desejo, porém
não
foi
capaz de investir vida na vida dos filhos.
Por
quê?
Talvez
porque estivesse ocupado demais.
Do
ponto de vista humano, muitas coisas poderiam justificá-lo: tanta
gente,
tanta demanda, tantas solicitações, tantos requerimentos que
dependiam de
sua
aprovação e atenção...
Talvez
porque tivesse filhos demais.
Como
dar atenção a todos? Como separar tempo para todos? Como
ouvir
queixa de todos? Como brincar com todos?
Ninguém
consegue ser pai para cinqüenta filhos, nem para trinta e nem
para
os mais de vinte que Davi teve com suas mulheres e concubinas (II
Samuel
3:2-5;
5: 13-16).
Talvez
porque estivesse ausente demais. Talvez porque seus filhos só o
encontrassem
em ocasiões ou eventos importantes. Talvez porque não houvesse
vida,
convívio,
intimidade entre eles. Talvez porque tudo que houvesse entre eles
fosse
aquela
reverência, aquele respeito tremendo, mas que nunca ia além disso;
que nunca
se
transformou em segredo, em cochicho, em brincadeira no campo, em
banalidade,
em
presença simples, desguarnecida, aberta, despretensiosa, apenas
presença para
estar
junto, para ser.
Não
adianta você ter os sonhos que tem, nem apenas fazer as orações
que
faz, nem apenas guardar e juntar dinheiro para o bem de seus filhos.
Absalão
tinha
dinheiro, castelo, casas, prestígio. Absalão era bonito, e a Bíblia
nos diz (II
Samuel
14:25)
que ele era o homem mais bonito daquela geração: fascinante,
charmoso,
porte bonito, cabelo bonito.
A propósito desta última característica, Absalão
tinha
um cabelo invejável. Naquela época, era costume untar óleo sobre
os cabelos
com
pó de ouro, para brilharem ao sol e, vaidoso como era, Absalão
certamente
utilizava
muito desse recurso estético, de modo que, a cada ano, quando
cortava o
cabelo,
segundo o costume da época, este tinha um peso e valor considerável.
Absalão
tinha tudo! Mas,
só o que ele queria era um pai. Não era um
rei
que Absalão queria, mas um pai. Não era um homem poderoso de que
Absalão
precisava,
mas de um pai. Não era de um general invencível de que Absalão
carecia,
mas
de um pai. Não era de um homem que resolvia os problemas do mundo de
que
Absalão
necessitava, mas de um pai que fosse capaz de ouvir uma angústia do
filho.
Talvez
você nunca tenha parado para pensar n O
Drama de Absalão,
mas
preste atenção a esta história, pois ela reflete a realidade das
muitas relações
familiares
e pode ter a ver com você e sua família.
A
HISTÓRIA DE DAVI E ABSALÃO
As
principais áreas de fraqueza de Davi são claramente percebidas na
sua
relação com seus filhos. Conquanto fosse um homem de oração e
cheio de boas
intenções,
ele era fraco na condução de sua casa. Davi se caracterizava por
ser um pai
omisso,
e será a omissão a porta de entrada da desgraça na vida deste
grande homem
e
de seu filho Absalão. Isto porque a tragédia começa a se
configurar, a se desenhar,
a
se delinear, no dia em que Amnom, um dos filhos de Davi e seu
primogênito,
apaixona-se
por uma de suas irmãs (II
Samuel 13:1-14)
por parte de pai, a qual é
irmã
de Absalão, filho de Davi com Maaca (II
Samuel 3:3),
uma estrangeira
procedente
de Gesur.
Diz-nos
a Bíblia que aquela moça, cujo nome era Tamar, era muito
bonita,
graciosa, formosa e encantadora (II
Samuel 13:1)
e que Amnom, um dia,
pôs
os olhos sobre ela e viu-a não como irmã, porém como uma mulher
(II
Samuel
13:2
e
3).
Ele a cobiçou e a desejou tão ardentemente que concebeu um plano: a
fim
de
possuí-la, fingiu-se de doente __
a
conselho de um amigo (II
Samuel 13:5)
__
e
pediu
a Davi, seu pai, que ela __
Tamar
__
lhe
fosse servir comida, uma vez que esteva
num
leito de enfermidade (II
Samuel 13:6).
O pai assim o permitiu (II
Samuel
13:7).
Tamar
foi até a casa do irmão, Amnom pula do leito, avança contra ela,
estuprando-a,
possuindo-a e humilhando-a (II
Samuel 13:11-14).
Depois, Amnom
sente
náuseas, sente asco. Diz-nos a Bíblia que o repúdio que ele sentiu
por Tamar,
após
possuí-la, foi mais forte que o desejo de um dia tê-la (II
Samuel 13:15).
A
corte ficou sabendo do escândalo. O país ficou sabendo do
escândalo.
O
rei ficou sabendo do escândalo, mas não fez nada.
Absalão,
irmão de Tamar, esperou que o pai fizesse alguma coisa, uma
vez
que, conforme Levítico
18:9 e 29,
tal ato teria, como penalidade necessária, a
morte
de quem o praticou. Mas Davi nada fez. Então, Absalão a chamou para
morar
consigo
(II
Samuel 13:20).
A irmã morou com ele por dois anos, durante os quais
ele
esperou, dia após dia, que o pai chamasse a filha para um beijo, um
abraço, um
aconchego
e que o pai chamasse Amnom para uma confrontação. Porém, nada
disso
foi
feito.
Para
além de tudo isso, havia ainda uma agravante: Amnom era o
primogênito
do rei e, por conseguinte, o futuro herdeiro do trono, fato este que
se
tornava
um fator complicador de toda aquela situação.
Depois
de dois anos, Absalão não agüentou mais esperar. O diabo
encheu-lhe
o coração de ódio. Ele começou a planejar a morte do irmão (II
Samuel
13:23-27).
Por ocasião da festa da tosquia, Absalão procura o pai e lhe diz:
Eu
queria que tu permitisses que meu irmão Amnom fosse ao campo
caçar
comigo.
Davi,
sabendo que havia algo de muito maligno naquilo tudo,
respondeu-lhe:
Mas
por que, meu filho? Por que apenas Amnom? Por que tu não levas
a
todos os teus irmãos juntos para essa caçada?
Absalão
atende o pedido do pai e leva todos os irmãos. Chegando lá,
Absalão
dá ordens a seus servos para que matem a Amnom, quando este
estivesse
bêbado,
a fim de não oferecer resistência alguma. Assim é feito. Note que
Amnom
estava
tão seguro de que nada lhe iria acontecer, que nem ao menos
desconfiou do
irmão.
Para ele __
Amnom
__
se
o rei, seu pai não lhe havia feito nada com relação ao
incidente
ocorrido entre ele e sua irmã Tamar, ninguém mais poderia fazê-lo.
O
rei Davi se enfurece, fica cheio de ódio.
Absalão
foge, indo morar na casa de Talmai, seu avô (II
Samuel 13:
37;
3:3),
pai de sua mãe, em um reino vizinho, e lá fica durante três anos
(II
Samuel
13:38),
durante os quais nada é feito. Davi não chama o filho, não encara
o
filho,
não confronta o filho, não trata do problema.
Absalão
manda um recado através de Joabe, um alto assessor do pai,
dizendo:
Assim
não dá!
Davi
manda chamar o filho para que volte a Jerusalém. Este vai morar a
dois
quilômetros da casa do pai (II
Samuel 14:21-24).
Passam a ser vizinhos, mas
outra
vez dois anos passam, e Davi não manda chamar o filho. Depois desses
dois
anos,
Absalão não agüenta mais, chama Joabe e lhe diz:
Diga
ao rei que me mate, mas que me veja!
Davi,
ao saber disso, ordena:
Chamem
o garoto.
Logo
em seguida, vem o rapaz. Todos esperam que Davi o sacuda e lhe
diga:
O
que foi que houve? Você é meu filho, é minha carne! Como é que
você
faz isso, filho?!
Entretanto,
nada disso acontece. Absalão entra e Davi simplesmente lhe
diz
que se aproxime, lhe beija o rosto e não diz nada (II
Samuel 13:33).
Um
estupro, uma morte, ódio, amargura, crise e Davi pensa que pode
resolver
isso tudo com um beijinho.
A
palavra de Deus nos diz, no início do capítulo 15 de II Samuel, que
dessa
ocasião em diante, após falar com o rei, Absalão sai do palácio,
vai para as ruas
e
inicia uma subversão (II
Samuel 15:1-6).
Começa a dizer:
Não
há justiça na terra! Não há rei reinando! Não há critérios
pelos
quais
esse povo venha a ser julgado! O que está prevalecendo é apenas a
emocionalidade
do rei. Se eu fosse rei, haveria justiça na terra.
Absalão
prepara uma revolta armada. Ele é declarado rei sobre Hebrom
(II
Samuel 15:10-13).
Aproxima-se de Jerusalém para cercá-la e tomá-la. Davi é
aconselhado
a fugir com seus súditos, indo para o deserto, porém deixando
alguns de
seus
homens de confiança, a fim de se infiltrarem na corte de Absalão e
lhe darem
algum
conselho desastroso, de modo que, numa possível batalha, seus
exércitos
pudessem
ser destruídos. O que acontece.
Absalão,
então, bate em retirada, fugindo por entre os bosques. A ordem
de
Davi, o rei, era a seguinte:
Fazei
qualquer coisa, mas não tocai no moço Absalão. Poupai o jovem
Absalão.
Joabe,
porém, não suportava mais. Ele estava cheio de ódio pelo filho do
rei.
E quando da fuga de Absalão por entre os bosques, seus cabelos
longos ficam
presos
por arbustos, ele se desprende do seu cavalo, ficando pendurado pela
cabeça.
Joabe,
descobrindo-lhe o paradeiro, aproxima-se de Absalão e o executa (II
Samuel
18:19
e 14).
A
insurreição é vencida, a vitória é comemorada e Davi está
novamente
no
poder.
As
notícias da guerra chegam ao rei. E este pergunta:
Como
passa o jovem Absalão?
Alguém
lhe responde:
Ele
foi ferido... e... está morto!
A
Bíblia nos diz (II
Samuel 18:33)
que Davi rasga as suas roupas, cai
por
terra e lamenta, e grunhe, e geme:
Abshalom,
meu filho Abshalom!... Abshalom!... Abshalom!... Meu filho,
Abshalom!...
O
tempo de dizer meu
filho havia
acabado: Absalão estava morto e a
tragédia
consumada.
Pode-se
perceber, nesse episódio, o desespero de Davi. Ele jamais
desejaria
que as coisas tivessem tomado aquele rumo; seus sonhos desmoronaram,
sem
mais nenhuma esperança de reconstrução.
Meu
filho, minha filha, eu estou aqui, volte para casa. Estou de braços
abertos,
esperando-o. Quero ser seu amigo; quero ajudá-lo; quero perdoá-lo e
quero
lhe
pedir perdão.
Às
vezes, agimos como Davi: só exteriorizamos estes sentimentos e
palavras
quando já é tarde demais.
Este
Davi __
descrito
até aqui __
não
é alguém a quem eu queria imitar.
Ele
tem
o coração segundo o coração de Deus?
Tem, porque é capaz de dar respostas
de
quebrantamento a Deus nos momentos apropriados. Mas, conquanto tenha
um
coração
segundo o coração de Deus,
ele não consegue transformar essa intimidade
com
Deus, depois de um dado momento na sua vida, num projeto de vida
sadio que
abençoe
toda a sua casa.
O
QUE PODEMOS APRENDER COM O DRAMA DE ABSALÃO
Em
primeiro lugar, aprendemos que Davi
transferia, sempre,
responsabilidades
instransferíveis.
Isto
é algo interessante, que acontece com homens e mulheres
ocupados,
diuturnamente, com suas atividades profissionais. Homens e mulheres
que
estão
acostumados a assumir responsabilidades. Homens
e mulheres muito
ocupados
do lado de fora de casa acabam, sutilmente, transferindo
responsabilidades
intransferíveis para outros, dentro de casa.
Primeiramente,
Davi transferiu a responsabilidade de apaziguar o
coração
de Absalão para os filhos:
Pai,
deixa eu levar Amnom comigo para a caçada ,
pede Absalão.
Não,
filho, não. Leve todos os seus irmãos ,
responde-lhe Davi.
A
palavra de Deus nos diz que todos em Israel já sabiam do desejo de
Absalão
de matar Amnom (II
Samuel 13:32).
Davi sabia; todos sabiam que havia
ódio
no coração de Absalão. Entretanto, Davi não enfrenta o problema;
ele usa os
filhos
como escudo.
Bom,
quem sabe se toda a garotada estiver junta, isso não vai
acontecer...
,
poderia pensar Davi.
Depois,
ele transfere a responsabilidade do tratamento da alma de
Absalão
para o sogro. Para lá vai Absalão refugiar-se após ter morto o
irmão. Fica três
anos
lá, na casa do avô. Acerca deste período de tempo, a Bíblia nos
diz que Davi
perseguiu
a Absalão (II
Samuel 13:39),
sem, no entanto, querer realmente
encontrá-lo,
pois se assim o quisesse, não haveria dificuldades para fazer isso.
Davi
talvez pensasse que o sogro fosse mudar o coração do neto, porém
o
próprio sogro não gostava muito dele __
Davi
__,
porque sua filha que casara com o
rei
nunca tivera um espaço na realeza que ele gostaria que ela ocupasse.
Absalão
caiu
nas
mãos do avô errado,
que encheu-lhe o coração de mais ódio, de mais amargura,
de
mais antipatia e de mais revolta. Observe: Absalão era o terceiro
filho de Davi;
Amnom
__
o
primogênito __
estava
morto, e Quileabe (II
Samuel 3:3),
o segundo filho,
era
uma figura inexpressiva e que provavelmente já havia morrido, o que
se
depreende
pela ausência de referências mais explícitas a ele na história
familiar de
Davi.
Sendo assim, com a morte deste, Absalão seria o rei e, para Talmai,
seu avô,
isto
se constituiria num bom
negócio.
Por
fim, Davi transfere a responsabilidade para um assessor. É Joabe
quem
tem que tramar a volta do filho para casa, porque o pai não fazia
nada.
Curioso
e irônico, neste episódio, é que foi Joabe quem ajudou Absalão a
voltar
do exílio e a se aproximar do pai, como também foi Joabe quem o
matou.
Minha
pergunta a você, em nome de Jesus, é: para
quem é que você
está
transferindo a responsabilidade de administrar a alma de seus filhos?
Para
o avô? Para o assessor? Para os filhos mais velhos? Para a
empregada?
Para
a escola? Para a Xuxa? Para a Angélica? Para a Escola Dominical?
Para o
pastor?
Para quem?
Essa
responsabilidade é intransferível. O filho é seu. A filha é sua.
A
alma
deles vai ser cobrada de você. Escola, igreja, orientadores,
atividades intelectuais
e
recreativas são recursos para a educação e a administração do
tempo e do
desenvolvimento
da criança; mas a responsabilidade é sua.
De
que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a alma de
seu
filho? De que adianta ter um complexo industrial, realização
profissional, status ,
mas
ter uma filha desgraçada ou um garoto arruinado em casa?
Precisamos
aprender a confrontar nossos filhos com a verdade.
A
segunda lição que aprendemos com Davi é que ele
era capaz de
vencer
gigantes, mas não sabia confrontar os filhos, olhos nos olhos, e
dizer:
Filho,
o que é isso que estou vendo?! Você está sentindo uma atração
sexual
por sua irmã? É isso que eu estou percebendo, filho?!
Ou:
O
que é isto, filho?! Você está com ódio no coração, querendo
matar
este
seu irmão?! Você está sufocado, empanturrado de desejos malignos!
O que é isto,
filho?
Porém,
Davi não conseguia oportunizar tais diálogos, tais confrontações.
Eu
conheço muitos pais assim. Talvez você que me lê seja um pai
assim.
Sua
esposa sabe que estou falando a verdade. E você mãe, que igualmente
lê estas
linhas,
muitas vezes age de modo semelhante a este. E seus filhos sabem que o
que
vem
sendo descrito até aqui é palavra de Deus para sua vida, pai, para
sua vida, mãe,
em
nome de Jesus.
Havia
um antigo quadro do Jô Soares em que era mostrado um pai que,
diante
de comentários feitos sobre o comportamento condenável do filho,
para tudo
arranjava
uma desculpa. E o amigo (Jô), que tentava fazê-lo ver a situação,
acabava
desistindo
e falava:
Tem
pai que é cego!
Creio
que não haja pais ou mães cegos; no entanto, há pais e mães que
não
querem ver, que têm medo de encarar o filho e o problema, que têm
medo de
confrontar
os filhos com a verdade, que têm medo de não saber como conduzir o
problema,
de como ajudar a solucionar.
Eu
não tenho receitas para soluções de problemas familiares, mas, em
qualquer
caso, a omissão não vai resolvê-los, o tempo não vai
solucioná-los. Ainda
que
você não saiba como agir, abra os braços e chore com seu filho,
dobre os joelhos
e
ore por ele, diga que você se preocupa com ele e que jamais vai se
omitir, que
jamais
vai se afastar dele e que jamais vai se conformar com a situação.
Davi
vencia gigantes, mas não sabia confrontar os filhos olhos nos olhos.
Por
quê? Talvez cansaço. Mas, talvez, uma outra coisa: quem sabe,
culpa?
Aquele
caso de Davi com Bate-Seba e a morte de seu marido Urias
arruinaram-lhe
a existência mais do que se pode imaginar. Ele pede perdão ao
Senhor,
e o Senhor o perdoa. Mas, talvez, Davi nunca se tenha perdoado.
Não
consigo entender como um homem como ele não consegue olhar
nos
olhos dos filhos! A não ser que no fundo do seu ser, de sua alma,
haja muita
culpa.
Possivelmente, o diabo, em seus ouvidos, dizia que ele, Davi, não
tinha
autoridade
alguma. Não tinha autoridade para confrontar Absalão. Não tem
autoridade
para
falar nada, depois de tudo que fez. Certamente, Davi ouvia o diabo
dizer-lhe ao
ouvido:
Como
você vai falar contra o adultério e a cobiça com Amnom, se você
fez
as mesmas coisas? Como você vai falar de homicídio com Absalão, se
você matou
Urias,
marido de Bate-Seba?
Preste
atenção a isto: há pessoas que me lêem, que, como você, já se
converteram
a um ano, há cinco anos, há dez ou há quinze anos. Quem sabe há
vinte
ou
trinta anos? Algumas, como você, trazem consigo cargas pesadas de
culpa
passada.
Algumas delas, como você talvez, já adulteraram, um dia tiveram
amantes,
um
dia tiveram casos,
um dia fizeram o que não deveriam ter feito, um dia deram
exemplos
terríveis para os de dentro de casa.
Mas
elas se converteram, tal como você. Você encontrou a Jesus. Você
foi
perdoado. Você foi lavado no sangue do Cordeiro de modo semelhante
àquelas
pessoas.
Mas
talvez o diabo continue lhe dizendo que você não tem autoridade
para
olhar nos olhos do seu filho, nos olhos da sua filha, nos olhos da
sua mulher, nos
olhos
dos da sua casa, por causa de algum pecado cometido no passado.
No
entanto, quero lhe dizer, hoje, em nome de Jesus: não
aceite essa
mentira!
Repito:
não
aceite essa mentira!
Seja
você, em nome de Jesus, capaz de dizer:
Olha,
filho, eu pequei, eu adulterei, eu fiz, eu fui. Mas agora sou lavado
no
sangue do Cordeiro. E estou aqui, como um novo pai, como uma nova
mãe, para
lhe
dizer que não é por aí o caminho! E eu não vou deixar você andar
por esse
caminho
de morte, porque eu não quero lá na frente ficar dizendo como Davi:
Abshalom,
Abshalom, meu filho, Abshalom!
CONSEQÜÊNCIAS
DA MALDIÇÃO FAMILIAR
Davi
fugia de olhar nos olhos dos filhos. Não confrontou Amnom no
casso
do incesto de Tamar. Foi Absalão que teve de acolher a irmã. Não
confrontou
Absalão
antes deste matar Amnom, quando todos já sabiam que ele ia atentar
contra
a
vida do irmão. Não confrontou Absalão, depois que matou a Amnom.
Absalão fugiu,
ficou
três anos desterrado; voltou para perto do pai; Davi não foi vê-lo,
nem o
chamou.
Não confrontou Absalão, quando este voltou do exílio e foi morar a
dois
quilômetros
da casa do pai.
Todavia,
Davi não é o único responsável por todo esse drama. Absalão
não
soube administrar suas crises e abriu uma brecha para Satanás
desenvolver, em
seu
coração, uma bomba de ódio que iria explodir dentro dele,
destruindo-o
juntamente
com a sua família.
A
MALDIÇÃO DO ÓDIO
Sabe
o que Satanás gestou, engendrou, engravidou na alma de Absalão?
Uma
bomba. Uma Bomba
O ,
mais forte do que a Bomba H, mais forte do que a
Bomba
Atômica: a bomba do ódio, da amargura sufocada, não resolvida, a
qual era,
todo
o dia, incrementada pelo diabo.
Primeiramente,
surgiu
no coração de Absalão ódio do pai, devido à
situação
de Tamar:
Como
é que a papai não faz nada?! Nem chamou a moça para consolála,
para
resgatá-la, para redimi-la publicamente! Ele também não fez nada
com
Amnom!
O
ódio foi tão grande que, depois dos dois anos de silêncio, Absalão
matou
o irmão. E quando foi para o exílio, diz a Bíblia (II
Samuel 14:27)
que nasceu
a
Absalão uma filha, a qual ele chamou Tamar.
Sabe
o que Absalão quis dizer ao pai com isso?
Davi
tem uma filha e lhe põe o nome de Tamar, que significa
palmeirinha
, plantinha frágil que precisa ser tratada com cuidado. Mas ele não
cuida
dela.
A minha nasceu. O seu nome é Tamar. E eu quero ver se alguém vai
tocar nela.
Isso
é uma declaração de ódio e de amargura que inundam o coração
desse
filho!
A
maldição do ódio só se quebra quando pais e filhos vivem um
relacionamento
franco, transparente, no qual a verdade e a sinceridade de
atitudes
se somam a uma prática de amor genuíno, constante e
compromissado
com as necessidades dos membros da família.
A
MALDIÇÃO DO AMOR FÁCIL
Em
segundo lugar, Absalão
sente ódio do pai em relação a seu
próprio
caso em particular.
Absalão
não consegue entender como é que o pai o deixa sair, não o
chama.
O pai o exila, o pai o traz de volta, mas não o vê. O pai não
trata do assunto,
o
pai não o sacoleja, o pai não o enfrenta, o pai não o sacode,
em nome de Deus.
Absalão
chega a dizer:
Digam
ao papai para me matar, mas para, pelo menos, me olhar na
cara!
O
pai tenta resolver a situação dando um beijinho
e
dizendo-lhe:
Vai
embora.
Absalão
fica irado e sai com um ódio enorme no coração.
Filhos
não querem amor fácil; não querem que você faça de conta que o
pecado
não é pecado; não querem que você alise a cabeça deles como se
nada tivesse
acontecido.
Filhos gostam de verdade, gostam de integridade, gostam de
sinceridade,
gostam
de olhos nos olhos, gostam de perdão sério, gostam de ver um pai ou
uma
mãe
que não vende barato princípios de Deus na vida.
Lembro
que alguns anos atrás eu aconselhava um garoto de 17 anos, o
qual
estava muito envolvido com drogas e que não conseguia ficar em
colégio algum,
apesar
de ser muito inteligente. Esse garoto estava desenvolvendo um autismo
emocional
e psicológico, no qual o mundo se restringia a ele e nada mais
importava.
Durante
uma conversa, senti que o rapaz nutria uma profunda amargura em
relação
ao
pai, quando ele me disse:
Papai
reclama, murmura, mas nunca sentou para conversar comigo,
para
perguntar o que há. Eu queria até que ele me batesse, mas que
mostrasse que
ele
está junto, comigo, para me ajudar a sair deste negócio. Ele fala,
mas finge que
não
acontece nada. Eu me sinto como se não existisse.
A
maldição do amor fácil, descomprometido, se quebra mediante
ação,
compromisso, seriedade e afirmação dos princípios de Deus na vida.
A
MALDIÇÃO DOS PECADOS PASSADOS NÃO PERDOADOS
O
ódio cresce ainda mais. Surge
no coração de Absalão ódio dos
pecados
passados do pai.
Sabe
o que Absalão faz, quando dá o golpe de Estado, quando toma o
poder?
Um dos homens que ele chama para ser seu conselheiro pessoal é um
certo
Aitofel.
Sabe quem é este homem? É o avô de Bate-Seba (II
Samuel 11:3; 23:34).
E
sabe
que é Bate-Seba? É o caso
de
Davi.
Com
isso Absalão imaginava:
Vou
dar uma ferroada no papai, agora.
Esse
homem __
Aitofel
__
jamais
conseguira perdoar a Davi. O seu ódio
por
Davi ter entrado na vida da neta dele era tão grande, que ele dá o
seguinte
conselho
a Absalão:
Olha,
o que um dia seu pai fez às escondidas com a minha neta, eu o
aconselho
a fazer com as mulheres-concubinas dele: possuí-las, no telhado da
casa
real,
para que todo o Israel veja.
Segundo
as leis da época, apenas o sucessor do rei, em caso de morte
deste
ou de sua deposição, poderia tomar as mulheres do seu antecessor.
Pelo que
fez,
Absalão merecia a morte, de acordo com a lei mosaica (Levítico
20:11).
Aitofel,
com esse conselho, pretendia anular qualquer possibilidade de
reconciliação
entre Davi e Absalão.
Observe
o ódio que o diabo gestou e fez crescer no coração de Aitofel,
que,
por sua vez, realimenta o ódio de Absalão por Davi, seu pai.
Às
vezes, numa briga de família, você se vê surpreso ao ver coisas
antigas
virem à tona com uma força tremenda: pecados passados, erros
jogados
na
cara
na
hora da tensão. O diabo usa isto para tirar a autoridade e evitar o
confronto
com
o pecado.
Esta
maldição se quebra no sangue
de Jesus derramado,
que nos dá
posse
definitiva do perdão de Deus.
A
maldição dos pecados passados não perdoados se quebra com
o
exercício do perdão diário no interior da família, em suas
relações desde as
mais
corriqueiras e superficiais até as mais íntimas e profundas.
A
MALDIÇÃO DO CIÚME
Por
último, Absalão
sente ódio dos amigos do pai.
Ele passa a ter
ódio
de Joabe. Para ele, o pai dava muito mais atenção a Joabe do que ao
filho. Para
ele,
Davi tinha mais tempo para Joabe do que para o filho. Absalão
odeia todos
aqueles
que, de algum modo, possuem a alma do pai.
Prova
eloqüente disso é que, quando Absalão torna-se rei, para
comandar
os exércitos de Israel, no lugar de Joabe, ele chama a Amasa. Sabe
quem
era
Amasa? O pai desse homem tinha um caso com uma parenta íntima de
Joabe (II
Samuel
17:25).
Com
isso Absalão está lavando a roupa suja, desnudando a podridão da
corte,
pondo tudo isso para fora, ventando todo o seu ódio para todos os
lados, em
todas
as direções.
Quantos
irmãos se odeiam porque acham que o pai gosta mais de um do
que
de outro?! Quantos filhos trabalham para derrubar empresas do pai por
ciúme?!
Quantos
ministérios têm sido motivo de revolta por parte do filho, por
achar que o pai
dá
mais importância à igreja do que a ele. Há casos de pessoas que
têm ciúmes até de
objetos.
Um garoto arruinou o carro do pai, riscando-o com uma gilete, por
ciúmes.
Isto
é muito sério. O
amor gera estabilidade, confiança e equilíbrio emocional e
familiar.
A
maldição do ciúme só pode ser quebrada com a segurança do
amor,
o qual gera estabilidade, confiança e equilíbrio emocional e
familiar.
ATITUDES
PRÁTICAS QUE NOS AJUDAM A EVITAR A MALDIÇÃO FAMILIAR
A
tragédia de Davi e Absalão deve-nos ensinar algumas lições
práticas.
Só
o que nos salva da tragédia familiar é a nossa conversão aos
nossos
filhos.
Não
adianta só ter boas intenções para com os filhos; não adianta
darlhes
nomes
santos;
não adianta trabalhar por eles; não adianta apenas dizer:
Oh,
Deus! Toma conta deles!
Porém,
você tem que se converter a eles, para
que a terra não seja
ferida
com maldição.
Eu
viajo de duas a três vezes por semana. Viajo cento e vinte vezes por
ano,
aproximadamente. Prego, no mínimo, seiscentas vezes todos os anos.
Acossado
por
convites de todos os lados, convites para o ano seguinte, convites
para viagens ao
exterior,
os quais, se quisesse atendê-los, eu encheria a minha agenda para o
ano
todo,
apenas viajando de um país para o outro.
Você
pode estar-se perguntando:
Com
que autoridade você fala isso?
Respondo:
Estou
falando isso com a autoridade, em nome de Jesus, de
quem
viaja para pregar o evangelho, mas que está disposto a arrebentar
qualquer
agenda
para não esmagar a vida de um filho.
Eu estou pagando um preço bem alto
por
isso: saio do Rio de Janeiro às cinco da manhã, vou a Belém do
Pará, chegando lá
às
9h. Prego às 10h, prego às 12h, prego às 15h, prego às 17h. Pego
um vôo de volta
e
chego em casa às dez e meia da noite para passar a mão na cabeça
da minha
garotinha
de nove anos e lhe dizer:
Papai
tá aqui. Papai tá aqui.
Isso
tudo para pôr a mão sobre ela e dizer:
Eu
te abencôo, em nome de Jesus!
Depois,
pego o meu garoto mais novo e lhe digo:
Vem
cá, fica aqui! Vamos fazer uma oração juntos. Como foi o seu dia?
E
a escola?
Em
seguida, dirijo-me aos rapazes. Pergunto-lhes:
E
aí? E os amigos? E as amigas? E vocês, como estão?
Faço
isso para, cedo, tomar um café da manhã junto deles.
Eu
não quero ganhar o mundo inteiro e perder meus filhos. Eu não quero
ser
conhecido como o grande homem de Deus no Brasil, com a casa
arruinada.
Meu
primeiro compromisso de vida é com Deus. O meu segundo
compromisso
na vida é com minha mulher. O meu terceiro compromisso na vida é
com
os meus filhos, e o meu ministério vem
a reboque .
Pais
convertidos aos seus filhos investem tempo neles. Você pode ser
muito
ocupado, mas não deve esquecer que, entre as prioridades da sua
agenda, deve
abrir
espaço para seus filhos: espaço para orar com eles, para jogar
conversa fora com
eles,
para caminhar na praia com eles, para tomar um café junto com eles,
para deitar
numa
rede e contar história para eles, para consertar um brinquedo
quebrado de
algum
deles, para assistir a uma apresentação na escola deles, para ouvir
os grandes
e
pequenos problemas do mundo deles.
MARCAS
DE PAIS CONVERTIDOS AOS SEUS FILHOS
Pais
convertidos a seus filhos não transferem responsabilidades
nem
para o melhor avô, nem para a melhor avó; nem para o filho mais
velho e mais
responsável;
nem para o pastor mais consagrado; nem para o psicólogo mais
renomado;
nem para a escola mais conceituada; nem para a igreja mais ungida.
A
responsabilidade pelos meus filhos, como pai que sou, é minha, é
minha,
é minha e é minha; e
não é de mais ninguém!
A responsabilidade, como pai ou
mão
de seus filhos, é sua, é sua, é sua e é sua! E
não é de mais ninguém!
Pais
convertidos a seus filhos não minimizam o poder das
amarguras
familiares.
Não dizem:
Isso
é briga de irmãos. É desavença deles. Eles não se dão muito
bem,
mas
um dia eles se acertam.
Pais
convertidos a seus filhos não brincam com o ódio existente
entre
os filhos e não acham que isto é algo sem importância; ao
contrário,
levam
tal situação a sério, buscando resolvê-la.
Davi
era muito melhor do que eu. Mas Amnom possuiu a Tamar; Absalão
matou
a Amnom; Salomão matou a Adonias, e este odiava a todos.
Meu
Deus! Se isto pôde acontecer na casa de Davi, pode acontecer na
minha
casa, pode acontecer na sua casa. Não
brinca com isso!
Pode
acontecer, especialmente, onde há dinheiro. Como tenho visto,
ultimamente,
familiares de empresários evangélicos ricos brigando por causa de
dinheiro!
Pais
convertidos a seus filhos consideram, cuidadosamente, os
sentimentos
perniciosos, nocivos a uma relação familiar sadia e tratam-nos
de
forma amadurecida.
Exorcizam tais sentimentos do fundo da sua alma e da alma
dos
filhos, em nome de Jesus, enquanto há tempo; tratam desses
sentimentos; oram
por
eles; conversam sobre eles; choram por causa deles; investem tempo no
enfrentamento
e na resolução deles, enquanto ainda há tempo.
Pais
convertidos a seus filhos não reagem aos filhos apenas
emocionalmente.
A Bíblia nos diz em II
Samuel 13:39 que
um dia Davi ficou cheio
de
ódio por Absalão. Porém, quando o ódio passou, ele não fez mais
nada. Davi não
demonstrou
nenhum senso de justiça, nenhuma preocupação com princípios
morais e
divinos,
nenhuma preocupação em tratar do assunto, mesmo depois de aplacado
o
ódio,
até porque crime e pecado haviam sido cometidos.
Filhos
odeiam pais emocionais,
que são apenas capazes de
espancamento,
da gritaria e da brutalidade, mas que não agem baseados em
princípios
de justiça, de verdade, de coerência e de integridade.
Pais
convertidos a seus filhos não fogem dos seus pecados da
juventude,
antes os resolvendo na presença dos filhos.
Neste sentido, eu me
sinto
muito à vontade para falar a respeito disso. Eu cometi muitos
pecados na
juventude.
Mas meus filhos foram crescendo num lar onde isso nunca esteve
encoberto,
camuflado. A seu tempo, todos eles foram tomando conhecimento de
tudo.
Hoje
em dia, eu converso francamente com os mais velhos acerca de qualquer
coisa.
O
segundo deles, que é um adolescente, que ama muito a juventude, a
vida, graças a
Deus
crente, de vez em quando, conversando sobre alguém, ele me pergunta:
Mas,
papai, um dia você já viveu como fulano?
Já,
filho, já. __
respondo.
Deve
ser horrível viver assim, né?
É,
filho, é. __
eu
digo.
Como
é, pai? __
ele
me pergunta.
Eu
lhe digo:
É
assim, assim e assim. Agora, filho, entre fulano e papai existe a
barrira
intransponível do sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo. É
porque
sei como é podre viver daquele jeito, que eu digo a você, filho:
não chega nem
perto.
Você não está perdendo nada.
No
entanto, se só o que salva a nossa família de uma tragédia é o
coração
dos pais se converter aos filhos, também
só o que salva os filhos da tragédia
pessoal
é a conversão do seu coração aos pais.
MARCAS
DE FILHOS CONVERTIDOS AOS PAIS
Filhos
convertidos aos pais entendem, pelo menos, três coisas:
Em
primeiro lugar, filhos
convertidos aos pais têm consciência de
que
não estão fadados, predestinados a serem produto dos pecados dos
pais,
nem
a cometerem os mesmos erros deles.
Não podem pensar que, por serem
filhos
de escorpião, têm que, necessária e infalivelmente, dar ferroada a
vida inteira.
A
propósito disso, há uma história engraçada, em que um escorpião
pede
a um sapo que o leve nas costas, a fim de atravessar um rio. O sapo
lhe
responde:
Você
está louco? Se eu o levar, no meio da travessia você me pica e eu
morro.
De jeito nenhum.
Bom
__
falou
o escorpião __
se
eu o picar e você morrer, morro eu
também,
pois não sei nadar.
O
sapo pensou e disse:
Você
tem razão. Sobe aqui.
A
travessia ia muito bem... Até que num determinado momento...
Ai!
Você me picou! Agora nós vamos morrer! Por que você fez isso? __
perguntou
o sapo.
Desculpe,
mas não pude resistir à minha natureza __
respondeu-lhe
o
escorpião.
Jesus
veio ao mundo para arrancar-nos essa natureza de escorpião. Veio
ao
mundo para desensinar você a ferroar.
Em
segundo lugar, filhos
convertidos aos pais não atribuem ao
tempo
a cura dos ferimentos da alma.
Não ficam pensando que o tempo vai fazer
com
que o ódio ao pai, a Amnom, a dor pela Tamar e demais angústias vão
sarar.
Tratam
da solução hoje. Deixam o Espírito Santo desenraizar tais
amarguras hoje.
Permitem
que o Espírito de Deus os livre de todo ódio hoje, pois hoje é o
dia.
Escrevo
essas linhas hoje, em nome de Jesus, para ordenar, em nome
dEle,
que toda a amargura seja arrancada do seu peito hoje.
Em
terceiro lugar, filhos
convertidos aos pais tomam cuidado para
não
caírem na teia das amarguras familiares.
Cuidado, você que é filho, com a
cobiça
que está crescendo, com as ambições que estão se desenvolvendo.
Cuidado,
você
que é pai, com a administração e a divisão da herança. Cuidado!
Cuidado, para
você
não cair numa teia de ódio: ódio
do pai, ódio dos amigos do pai, ódio do irmão,
ódio
da irmã, ódio, ódio e ódio.
Cuidado!
CONCLUSÃO
Estas
são as maldições que devemos nos preparar para quebrar em
nossos
lares. Não podemos mais nos conformar com a destruição das
famílias.
Nossa
oração é que pais e filhos possam encontrar o caminho da
conversão,
do perdão , da reconciliação, do diálogo, do encontro, do choro
solidário e
da
comunhão.
Que
Deus possa ajudá-lo a expurgar a amargura da alma, a exorcizar o
prazer
sádico da vingança, o masoquismo da autocomiseração. Que Deus o
ajude a
enxergar
o valor da família, a preciosidade da relação ente um pai e um
filho, entre
uma
mãe e uma filha. Que você possa dar valor não ao que tem dentro de
casa, mas
dar
valor ao que você pode construir dentro dela.
Quando
pais se converterem aos seus filhos, filhos se converterem aos
seus
pais, maridos se converterem a suas esposas, esposas se converterem a
seus
maridos,
quando você deixar o ódio cair por terra e o Espírito Santo encher
o seu
coração
de amor, de perdão e de reconciliação, a
maldição estará quebrada na
terra.
INTERPRETAÇÃO
DO TEXTO
Você
acabou de ler mais um livro da VINDE
Comunicações.
Nosso
interesse
é que, se você se sentiu abençoado por ele, você possa tornar-se
um agente
multiplicador
da mensagem nele contida e, com isso, abençoar a outros também.
Este
booklet pode ser usado como material em estudos de grupo, em
células
de comunhão e na devoção familiar, entre outros fins a que se
destina.
As
perguntas aqui formuladas são uma base para se debater e
aprofundar
ainda mais o assunto, bem como enriquecê-lo com sua própria
experiência.
1.
Como você interpretaria o termo maldição familiar ?
R:
2.
O diabo usa brechas deixadas por nós para implantar o mal dentro do
contexto
familiar. Qual foi a brecha deixada por Davi que permitiu que isso
acontecesse
no seio de sua família?
R:
3.
E qual foi a brecha deixada por Absalão?
R:
4.
De acordo com o texto, o amor mal administrado pode fazer mal. Dê
exemplos
práticos de como isso aconteceu na relação familiar existente
entre
Davi
e seus filhos.
R:
5.
Baseado na pergunta anterior, reconheça situações semelhantes no
relacionamento
familiar de hoje.
R:
6.
Faça, agora, um exercício interior: se você é pai ou mãe,
enumere quais
são
as suas responsabilidades intransferíveis em relação a seus
filhos.
R:
7.
Quais as marcas de pais convertidos aos seus filhos?
R:
8.
Quais as principais evidências de filhos convertidos aos pais?
R:
9.
De que maneira nós, cristãos, podemos combater as maldições
familiares?
R:
10.
Como podemos fazer com que relações familiares sustentadas por
bases
malignas
se transformem em bênçãos?
R:
(Conteúdo,
sinopse do verso, das costas , do livro):
O
DRAMA DE ABSALÃO
Uma
história de ódio, paixões e morte mudando a sua perspectiva da
vida
O
grande rei de Israel, Davi, e seu filho, Absalão, constituem o
melhor e o mais trágico
exemplo
de um pai e de seu filho que não conseguiram, a seu tempo e na hora
apropriada,
discernir algo extremamente maligno que começava a crescer entre
eles:
raízes
de morte, de amargura e de destruição que haveriam de abalar
radicalmente
suas
vidas e traumatizá-los para sempre.
Neste
livro, Caio Fábio o convida a quebrar ódios e amarguras que se
perpetuam nos
relacionamentos
familiares e que destroem a existência de qualquer pessoa. O autor o
desafia
a erguer a cruz de Cristo no centro do seu lar, em seus vínculos
mais
profundos,
em sua sala, no seu quarto, na sua cozinha ou dentro do armário dos
seus
filhos,
nas gavetas mais íntimas, fechadas, lacradas pelo tempo da
desesperança.
Resta-lhe
a busca da reconciliação, do perdão, do diálogo, do encontro, do
choro
solidário
e da comunhão que construirão a sua nova história.
Seja
bem-vindo ao lugar onde Deus o quer em paz: o seu próprio lar.
3ª Edição
Tiragem: 5.000 exemplares
Capa:
Ronan Pereira
Preparação de Originais e Revisão:
Luiz Fernando da Silva Batista
Editoração Eletrônica e design interno:
Rodrigo Brulon Nunes
ISBN: 85-7271-052-3
Filiada à AEVB
Impresso no Brasil
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