O EVANGELHO DA MALDIÇÃO
Uma
das distorções doutrinárias mais difundidas entre o povo de Deus
ultimamente é o ensino das “maldições hereditárias”,
conhecido também como “maldição de família ou “pecado de
geração”. Estes conceitos circulam bastante através da
televisão, rádio, literatura e seminários nas igrejas. Muitos
líderes, ministérios e igrejas, antes sólidos e confiáveis,
acabaram sucumbindo a mais esse ensino controvertido e importado dos
Estados Unidos.
Os pregadores
da maldição afirmam que se alguém tem algum problema relacionado
com alcoolismo, pornografia, depressão, adultério, nervosismo,
divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum
antepassado viveu aquela situação ou praticou aquele pecado e
transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente.A pessoa deve
então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a geração
no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se
perdão por aquele antepassado ou pela geração revelada e o
problema estará resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.
Marilyn
Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no
Brasil em conferências da Adhonep (Associação de Homens de
Negócios do Evangelho Pleno), promove constantemente este ensino.
Note suas palavras:
Se
você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família
poderá estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se
transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja
atingida pelo diabo através das maldições de geração. Os
pecados dos pais podem passar de uma a outra geração, e assim
consecutivamente. Há na sua família casos de câncer, pobreza,
alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e
emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são
algumas das características que fazem parte da maldição
hereditária nas famílias. Contudo, elas podem ser quebradas!
Um dos textos
bíblicos mais usados pelos pregadores da maldição hereditária
para defender este ensino é Êxodo 20:4-6: “Não farás para ti
imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos
céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não
as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu Deus,
Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à
terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço
misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os
meus mandamentos”.
É preciso que
se leve em consideração o assunto do texto aqui citado. De que
trata, afinal, tal passagem? Alcoolismo, pornografia, depressão, ou
problemas do gênero? É óbvio que não. O texto fala de idolatria e
não oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos
maldições espirituais de nossos antepassados em qualquer área
das dificuldades humanas.
A
narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação
de Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia
ser amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23:7, 8, quando
Balaque pediu a Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de
Balaão aparece no versículo 23: “Pois contra Jacó não vale
encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por outro lado,
sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou
exposta a maldição, calamidades e cativeiro.
É verdade que
os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a
possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os pais que
vivem no alcoolismo têm grande possibilidade de ter filhos
alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na imoralidade e vícios,
estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com grande
probabilidade, será seguido por seus filhos, pois “aquilo que
o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Isso poderá
suceder até que uma geração se arrependa, volte-se para Deus e
entre num relacionamento de amor com ele através de Jesus
Cristo. Cessou aí toda a maldição. Não deve ser esquecido também
que o autor da maldição ou punição é Deus e que ela é a
manifestação da sua ira. Note que,. no final do versículo cinco do
capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição
viria apenas sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se
passa com o cristão.
A Bíblia
ensina uma responsabilidade individual pelo pecado, como pode ser
observado no livro do profeta Ezequiel:
“Veio
a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca
da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais
comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão
certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio
em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai,
também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá”
(Ez 18:1-4). Seria o mesmo que afirmar nos dias atuais: os pais
comeram chocolate e os dentes dos filhos criaram carie.
O
capítulo 18 de Ezequiel dá a entender que havia se tornado um
costume em Israel colocar a culpa dos fracassos pessoais nos
antepassados ou em outros. Isso faz lembrar o que aconteceu no jardim
do Éden, quando, por ocasião da Queda, o homem colocou a culpa na
mulher e a mulher na serpente. Parece ser próprio do ser humano não
admitir seus erros, buscando evasivas para não tratá-los de forma
responsável à luz da Palavra de Deus. Infelizmente, alguns acham
mais fácil culpar os antepassados do que enfrentar suas tentações.
O ensino da
maldição de família mais escraviza do que liberta. Até crentes
que há vários anos viviam alegres, evangelizando, servindo ao
Senhor e dando frutos, agora estão preocupados, deprimidos, pensando
que talvez as tentações, as dificuldades e lutas pelas quais estão
passando sejam de fato reflexo de pecados ou do comportamento dos
seus ancestrais. Não faz muito tempo, numa grande igreja
pentecostal, um diácono, que havia participado de um desses
seminários para quebra de maldições hereditárias, me procurou
para aconselhamento. Tal irmão encontrava-se confuso e deprimido com
as informações que recebera e queria saber o que a Bíblia tinha a
dizer sobre tudo isso. Depois de uns dez minutos de conversa, ele
respirou aliviado. Temos encontrado e ajudado a muitos outros em
situações semelhantes pelos lugares por onde passamos, em
diferentes partes do Brasil.
Ora,
todo cristão é tentado, de uma forma ou de outra, uns mais, outros
menos. Se um cristão enfrenta problemas em relação à pornografia,
ao alcoolismo, ao adultério, à depressão ou a qualquer outro
aspecto ligado às tentações, os métodos para vencer tais lutas
devem ser bíblicos. O caminho para a vitória tem muito mais a ver
com a doutrina da santificação, com o cultivo da vida espiritual
através da oração, do jejum, da comunhão saudável numa
determinada parte do Corpo de Cristo e do contato constante com a
Palavra de Deus. O ensino da quebra de maldições hereditárias
aparece como um atalho mágico e ilusório para substituir a doutrina
da santificação, que é um processo indispensável a ser
desenvolvido pelo Espírito Santo na vida do cristão, exigindo dele
autodisciplina e perseverança na fé.
DOENÇA OU MALDIÇÃO?
Um
outro aspecto incorreto desse ensino é confundir as doenças
transmitidas por herança genética com maldições hereditárias
espirituais. Isto pode ser observado nas declarações de Marilyn
Híckey:
Será
que você já observou uma família na qual todos os membros usam
óculos? Desde o pai e a mãe até a criança menor, todos estão
usando óculos, e geralmente os do tipo de lentes grossas. Essas
pobres criaturas estão debaixo de uma maldição, e precisam ser
libertas.
Não se pode
construir uma doutrina em cima de uma observação, experiência ou
somente porque uma família toda usa óculos! Existem muitas famílias
em que apenas um ou outro membro usa óculos. O que aconteceu? Por
que só alguns herdam a maldição e outros não? E se as doenças
são maldições transmitidas de pais para filhos através dos genes
(geneticamente), por que os pregadores dessa doutrina não quebram,
por exemplo, a maldição da calvície, transmitida geneticamente?
Até hoje não há notícia de que alguém tenha feito isso.
O
Senhor Jesus nunca ensinou tal doutrina. Quando perguntado sobre o
cego de nascença: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego?”, ele respondeu: “Nem ele pecou, nem seus pais;
mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9:2-3).
Alguns usam este texto para afirmar que os discípulos acreditavam na
maldição de família, procurando dar assim legitimidade a tal
ensino. É preciso lembrar que os discípulos nem sempre estiveram
certos no período de treinamento que passaram juntos a Jesus. Certa
vez, em alto-mar, quando Cristo se aproximava, eles pensaram ser
ele um fantasma (Mt 14:26). Felizmente, os discípulos estavam
errados em suas conclusões, pois eram humanos, sujeitos a erros. É
óbvio que não erraram quando falaram e escreveram inspirados pelo
Espírito Santo. Quanto ao cego de nascença, Jesus destruiu qualquer
superstição ou crença que os discípulos pudessem ter de que a
cegueira fora provocada pelos pecados de seus antepassados, e o
próprio Jesus nunca ensinou tal doutrina.
Tal ensino não
encontrou espaço também nos escritos do apóstolo Paulo. Ao
contrário, quando escreveu aos coríntios pela segunda vez, declarou
com muita certeza: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”
(2 Co 5:17). Aos efésios, ele afirma: “Bendito o Deus e pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de
bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3).
Onde existe espaço para maldições na vida de um cristão diante de
uma declaração como esta?
Paulo não se
deixou prender ao passado. Quando escreveu aos crentes de Filipos,
declarou: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado;
mas uma cousa faço: esquecendo-me das cousas que para trás ficam e
avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo,
para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”
(Fp.3:13, 14).
É
importante observar a sugestão do apóstolo Paulo a Timóteo, quando
lhe escreveu a primeira carta: “Não continues a beber somente
água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas
freqüentes enfermidades” (1 Tm 5:23). Paulo nunca insinuou que a
enfermidade de Timóteo fosse uma maldição de seus antepassados,
pois sabia que Timóteo vivia numa natureza afetada pela
desobediência dos primeiros país (Adão e Eva). Apesar de o Reino
de Deus estar entre nós, ele ainda não chegou à sua plenitude,
pois até a criação geme, aguardando ser redimida do cativeiro da
corrupção (Rm 8: 19-23). Paulo apenas sugeriu que Timóteo tomasse
um pouco de vinho como um remédio para suas freqüentes enfermidades
estomacais e não que fizesse a quebra das maldições hereditárias.
A CONVERSÃO É A SOLUÇÃO
Ensinar
que um cristão tem que romper com maldições ou pactos dos
antepassados pedindo perdão por eles é minimizar o poder de Deus na
conversão. Isso está mais para o espiritismo ou mormonismo (com sua
doutrina antibíblíca do batismo pelos mortos) do que para o
cristianismo. A Bíblia declara com muita ousadia: “Por isso
também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). O advérbio
“totalmente” (panteles,
no
grego) tem o sentido de pleno, completo e para sempre. Jesus não
salva em prestações, mas de uma vez por todas.
Marilyn
Híckey chega a afirmar que: “Você pode decidir quanto ao destino
exato da sua linhagem. Eles ou vão para Jesus, ou vão para o
diabo”.
Nada
poderia estar mais longe da verdade. Quantos filhos há que hoje
vivem uma vida cristã exemplar, são cheios do Espírito Santo,
enquanto seus pais permanecem alheios ao Evangelho, rejeitando
constantemente a palavra de salvação e até tentando
dificultar-lhes a vida espiritual! Comigo também foi assim. Ai de
mim se fosse esperar meu pai decidir sobre o meu futuro espiritual.
Não sei onde estaria hoje.
É claro que
os pais têm grande influência na formação espiritual dos filhos,
mas o milagre da salvação é obra de Deus, e é pela graça que
somos salvos (Ef 2:8, 9). É o Espírito Santo, o Consolador, quem
convence o coração do pecado, da justiça e do juízo, como o
próprio Senhor Jesus disse (Jo 16:7, 8). Paulo relatou aos gálatas
que foi Deus quem lhe revelou seu Filho (Gl 1:15, 16). Assim, a
salvação é uma revelação de Jesus Cristo em nossos corações, e
não algo decidido somente pelos pais.
Observe o que
aconteceu com os filhos de Samuel, um profeta de Deus e um homem
íntegro, como pode ser observado em 1 Samuel 3:19 e 12:3. Apesar da
integridade do pai, a Bíblia diz que seus filhos não andaram pelos
caminhos dele:
“antes
se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos e perverteram o
direito” (1 Sm 8:3).
Veja os reis
de Israel e Judá. A narrativa do Antigo Testamento revela que muitos
deles foram ímpios e tiveram filhos piedosos, enquanto outros
foram piedosos e tiveram filhos ímpios. Eis alguns exemplos:
Abias foi mau (1 Rs 15:3), mas seu filho Asa “fez o que era reto
perante o SENHOR” (1 Rs 15:11). Jotão “fez o que era reto
perante o SENHOR” (2 Rs.15:34), porém Acaz, seu filho, “não fez
o que era reto perante o SENHOR” (2 Rs 16:2). Jeosafá agradou a
Deus (2 Cr 17:1-4), enquanto Jeorão, seu filho, “fez o que era mau
perante o SENHOR” (2 Cr 2 1:6). Assim, a seqüência de bondade ou
maldade que deveria suceder na linhagem dos reis de Israel e Judá,
de acordo com o que ensinam os pregadores da maldição de família
simplesmente não aconteceu. A esses exemplos certamente não se
poderia aplicar o provérbio: “Tal pai... tal filho”.
Inspirado pelo
Espírito Santo, Paulo escreveu aos irmãos de Corinto, na sua
primeira carta, uma palavra tremendamente elucidativa quanto a esta
questão: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o
reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem
adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem
avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o
reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas
fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor
Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6:9-11; leia
também Gl.5:17-21).
Pode-se notar
que Paulo não afirmou no versículo onze:
“Mas
haveis quebrado as maldições hereditárias, mas haveis pedido
perdão pelos pecados dos antepassados” ou algo similar. Não, de
modo algum, este não é o seu pensamento. Paulo afirma que aqueles
que estiveram presos nos pecados haviam sido lavados, haviam
sido santificados e justificados, sem qualquer necessidade de quebrar
maldições dos antepassados.
Cabem aqui
algumas perguntas: Qual é a maior das maldições? Sem dúvida é
estar fora de Cristo. Qual a maior das bênçãos? Certamente é o
estar em Cristo. Como se elimina a maior das maldições?
Introduzindo a maior das bênçãos.
Os pregadores
da maldição hereditária não deveriam pedir perdão pelos pecados
da décima, nona, oitava ou de qualquer outra geração, mas
deveriam, sim, pedir perdão pelos pecados de Adão e Eva, pois se
houve brecha, foi ali, na queda do jardim do Éden, onde as maldições
tiveram início. Ali está a raiz do problema. Isso, sim, seria um
trabalho perfeito e completo. O leitor já imaginou se
funcionasse? De repente, ninguém mais precisaria trabalhar para
ganhar o pão, a mulher não sofreria mais ao dar à luz e os
espinhos desapareceriam da Terra. É claro que não funciona, pois
tal ensino não tem base na Palavra de Deus.
TEXTOS MAL INTERPRETADOS
Espíritos
Familiares
Para
defender o ensino da maldição hereditária, seus pregadores
usam a expressão “espíritos familiares”, tradução de Levítico
19:31 e de outras passagens na Bíblia em inglês do Rei Tiago (King
James Version). Observe o comentário de Marilyn Hickey quanto a
isso:
O
que são “espíritos familiares”? São maus espíritos decaídos
que se tornaram familiares numa família. Eles a seguem, com suas
fraquezas — pecado físico, mental, emocional — por todo caminho,
atacando e tentando cada membro seu naqueles aspectos, pois estão
cientes de suas inclinações. “Marilyn, como é que você sabe
disso?” Porque o Antigo Testamento fala acerca dos “espíritos
familiares” (Versão King James).
Usando o mesmo
argumento, um certo autor comenta:
Nas
traduções em português, usamos as palavras necromantes,
adivinhadores e feiticeiros. Mas em inglês usa-se o termo espíritos
“familiares” e é esta a base bíblica que temos para demonstrar
que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria
passam de geração em geração. Há um acompanhamento, por parte
destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem os mesmos
vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.
Defender um
ensino controvertido com base na tradução de uma Bíblia em inglês
(Versão do Rei Tiago) é algo inaceitável à luz da hermenêutica e
da exegese bíblica. É preciso ter em mente que a Bíblia Sagrada
não foi escrita em inglês. Para se entender o texto bíblico, é
necessário que se faça a tradução e interpretação com base na
língua em que ele foi escrito. No caso do Antigo Testamento, o
hebraico, e não o inglês. Ao afirmar: “Mas em inglês se usa o
termo espíritos familiares, e é esta a base bíblica que temos para
demonstrar que estes espíritos de adivinhação, necromancia e
feitiçaria passam de geração em geração”, o autor demonstra
exatamente o contrário: não ter base bíblica para tal ensino.
Robert
L.Alden, Ph.D., professor do Velho Testamento no Seminário Teológico
Batista Conservador de Denver, Estado do Cobrado, nos Estados Unidos,
esclarece:
A
palavra ‘ob
aparentemente
se refere àqueles que consultavam os espíritos, pois 1 Samuel 28
descreve alguém assim em ação. A famosa “feiticeira” de Endor
é uma ‘ob.
Ao
povo de Deus foi ordenado ficar longe de tais ocultistas (Levítico
19:31). A punição por se envolver com tais “médiuns” era morte
por apedrejamento (Levítico 20:27). Naturalmente ‘ob
é
incluída na lista de abominações semelhantes em Deuteronômio
18:10,11. Todas essas ocupações têm a ver com o ocultismo. Isaías
desconsidera estes “necromantes” e sugere, pela sua escolha de
palavras, que os sons dos espíritos assim emitidos não são nada
mais do que ventriloquismo: “os necromantes e os adivinhos que
chilreiam e murmuram” (Isaías 8:19).
É
importante observar ainda que a Septuaginta (a versão grega do
Antigo Testamento) emprega o termo eggastrímithoi
(ventríloquo)
para traduzir a palavra ‘ob
de
Levítico 19:31. A Bíblia informa em 1 Samuel 28:3 que Saul havia
banido de Israel os adivinhos e os encantadores e não os espíritos
familiares. Assim, a palavra hebraica ‘ob
significa
o “vaso” ou instrumento dos espíritos, portanto o médium ou
necromante, conforme aparece na maioria das traduções da Bíblia,
não oferecendo tal vocábulo base para quebra de maldições
hereditárias na vida do cristão.
A crença de
que a violência é provocada por espíritos familiares também não
tem base bíblica. O apóstolo Paulo foi um homem violento. A Bíblia
diz que “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas, e,
arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8:3). O
apóstolo João, antes de se tornar o discípulo do amor, não
hesitava em dar vazão à sua ira. Certa vez ele chegou a desejar que
caísse fogo do céu para consumir os samaritanos que se recusaram a
receber Jesus (Lc 9:52-54). Como abandonou Paulo sua violência e
João deixou de ter um espírito ou temperamento vingativo? Sem
dúvida, através da conversão e do viver com Cristo foi que eles
foram transformados e libertos, e não através da quebra de maldição
de família, algo que nunca fez parte de seus escritos.
ARVORE GENEALÓGICA
Embora
haja quem sugira às pessoas para que desenhem árvores genealógicas
a fim de facilitar a quebra das maldições,
tal
prática não encontra apoio na Bíblia. É verdade que encontramos
genealogias nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, as quais tinham a
intenção de apresentar a linhagem de Jesus como o Messias de
Israel. Não há, depois disso, em todo o Novo Testamento,
preocupação com tal ensino. Ao contrário, o apóstolo Paulo até
recomendou a Timóteo e a Tito que não se envolvessem com esse
assunto (1 Tm 1:4 e Tt 3:9). Os mórmons, sim, na tentativa de
resolver os problemas espirituais de seus falecidos através do
batismo pelos mortos (uma prática antibíblíca), gastam muito tempo
e dinheiro com genealogias, contrariando assim as Escrituras
Sagradas.
Há
os que dizem que devemos pedir perdão pelos pecados de P. C. Farias
e de políticos acusados como corruptos. Outros estão sugerindo que,
ao se encontrar uma pessoa negra na rua, deve-se chegar a ela e pedir
perdão pelos pecados dos que promoveram a escravidão no Brasil. Há
até aqueles que afirmam que os carros roubados no Brasil e
levados ao Paraguai são uma maneira de Deus fazer os brasileiros
pagarem aos paraguaios pelo mal que lhes fizeram em guerras passadas.
Que absurdo!
Os que isto
sugerem gostam de citar as orações de Esdras (capítulo nove),
Neemias (capítulo nove) e Daniel (capítulo nove), em que eles
fizeram confissão a Deus, citando os pecados de seus antepassados.
Sabemos que as bênçãos do antigo pacto eram condicionadas à
obediência do povo de Israel. Quando desobedecia, as maldições de
Deus vinham sobre ele. Esdras, Neemias e Daniel de fato reconheceram
o pecado de seus antepassados, mas pediram perdão pelos pecados do
presente, da geração atual. Embora seja possível alguém sofrer as
conseqüências dos pecados de terceiros, o mesmo não acontece com a
culpa. A Palavra de Deus não culpa ninguém pelos pecados dos
outros. A Bíblia em nenhum lugar ensina a interceder por quem já
morreu, uma vez que após a morte segue-se o juízo, não oração ou
pedido de perdão pelos mortos (Hb 9:27).
É preciso
lembrar ainda que, à luz da Bíblia, ninguém pode se arrepender por
outra pessoa. O arrependimento é algo pessoal, que se faz diante de
Deus. A idéia de que “temos que até interceder, pedir perdão por
pecados que aqueles antepassados cometeram, e quebrar os pactos que
fizeram”, contradiz a Palavra de Deus, que afirma: “Assim, pois,
cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14:12).
PROVÉRBIOS 26:2
Eis
aqui outro texto freqüentemente mal usado pelos pregadores da
maldição de família. Allen P Ross comenta que era comum acreditar
que as bênçãos e as maldições tinham existência objetiva —
uma vez proferidas, produziam efeito. Ele acrescenta: “As
Escrituras esclarecem que o poder de amaldiçoar e de abençoar
depende do poder daquele que está por trás dele (por exemplo,
Balaão não pôde amaldiçoar o que Deus havia abençoado; Nm 22:38
e 23:8). Este provérbio realça a correção da superstição.
A Palavra do Senhor é poderosa porque é a Palavra do Senhor —
ele a cumprirá”.12
Nota-se
então que não existe base para se usar tal texto a fim de defender
a transferência de maldições de geração em geração.
MALDIÇÃO
DE NOMES PRÓPRIOS
É
o que ensina o livro Bênção
e Maldição
quando
afirma:
A
verdade é que há nomes próprios que estão carregados de maldição
—já trazem prognóstico negativo (...) Por isso não convém dar
aos nossos filhos nomes que tenham conotação negativa, que
expressem derrota, tristeza, dureza: Maria das Dores, Mara
(amargura), Dolores (dor e pesar), Adriana (deusa das trevas),
Cláudio (coxo, aleijado), Piedade, Aparecida (sem origem, que não
se sabe de onde veio).
Este é mais
um ensino que vem acrescentar cargas desnecessárias sobre os crentes
que passam a acreditar nele. Existem muitas pessoas hoje vivendo
preocupadas devido ao nome que receberam ao nascer, algo sobre o que
não tiveram controle e nem escolha. E, de novo, não há base
bíblica para isso.
É
verdade que há na Bíblia alguns nomes de pessoas que corresponderam
às suas personalidades e às circunstâncias em que viveram. O
próprio Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, que significa “pai
de uma grande multidão”. (“A mudança de Abrão para Abraão
teve por fim reforçar a raiz da segunda sílaba para dar maior
ênfase à idéia de exaltação”, J. D. Davis, Dicionário
da Bíblia, p.
11.) Jacó significa “usurpador”, e ele assim se comportou por um
bom período de sua vida, O legislador de Israel recebeu o nome de
Moisés por que foi salvo das águas. Contudo, não se pode criar uma
regra baseada em tais exemplos pelas razões que veremos em seguida.
A Bíblia está
cheia de exemplos de pessoas ímpias com nomes de bons significados,
enquanto outras são boas, mas com nomes de significados nada
recomendáveis. Veja o caso de Abias, que quer dizer “Jeová é
pai”, filho de Samuel, um homem de Deus. Apesar de ter um bom nome
e um bom pai, a Bíblia diz que ele não andou nos caminhos de Samuel
e se corrompeu (1 Sm 8:3).
Já Absalão
quer dizer “pai da paz”. Embora tendo um nome tão pacífico, ele
tentou usurpar o trono de seu pai Davi, teve uma vida turbulenta e
morreu de forma trágica (2 Sm.3:3; 13-19).
Daniel e seus
amigos tiveram os nomes mudados pelo rei de Babilônia (Dn 1:7).
Mesmo depois de receberem nomes ligados a deuses pagãos, isso não
impediu que desfrutassem da bênção de Deus e permanecessem firmes
na fé em Jeová. Logo, pode-se notar que o nome não influiu em
nada.
Judas quer
dizer “louvor”, um significado muito piedoso, mas isso não
impediu que ele traísse o Senhor (Mt 26:48,49). Por outro lado, um
outro Judas foi fiel e deixou uma carta escrita no Novo
Testamento.
Bar-Jesus é
um nome fantástico, que quer dizer “filho de Jesus”. Apesar do
nome, ele era um mágico, um falso profeta, e resistiu a Paulo
quando este pregava ao procônsul Sérgio Paulo (At 13). Apenas
o nome não faz o homem. Se fizesse, as prisões no Brasil não
estariam cheias de presidiários chamados de Abel, Moisés, Isaías,
Daniel, Pedro, Lucas, Paulo e outros nomes bíblicos.
Há também
homens e mulheres na Bíblia que serviram a Deus fielmente e foram
vencedores na fé cristã, apesar dos nomes que tiveram com
significados nada recomendáveis.
Apolo foi um
homem de Deus, poderoso nas Escrituras (At 18:24-28), mas seu nome
significa “destruidor”.
Hermes é um
dos irmãos a quem Paulo envia saudações cristãs (Rm 16:14), porém
seu nome é de um deus mitológico.
O interessante
é que Paulo nunca instruiu esses irmãos para que fizessem oração
de renúncia pelos nomes que possuíam, pois eles terão um novo
nome no céu (Ap 2:17).
Alguns crentes
até dão testemunho em público depois de pensar que foram
bem-sucedidos ao amaldiçoar uma pessoa, uma empresa ou organização.
Contam, por exemplo, que por não terem sido bem servidos num
restaurante, o amaldiçoaram e o restaurante faliu. A Bíblia,
porém, ensina que o cristão não deve amaldiçoar, mas, sim,
abençoar. Ouçamos o conselho de Paulo: “Abençoai, e não
amaldiçoeis” (Rm 12:14).
Alguns têm
dito que a quebra das maldições hereditárias é bíblica, já que
deu certo ou funcionou para um ou outro. O fato de ter dado certo não
quer dizer que seja bíblica. Há muita coisa que funciona no
espiritismo, na umbanda e na Ciência Cristã que nem por isso é
bíblica. Geralmente, as distorções no seio da Igreja são muitas
vezes baseadas apenas nas experiências, no subjetivo. Ora, não
importa quão maravilhosa tenha sido a experiência; se ela contradiz
as Escrituras e não tem base na Palavra de Deus, deve ser rejeitada,
prevalecendo somente a Bíblia Sagrada, única regra de fé e prática
para o cristão.
PODE UM CRISTÃO TER DEMÔNIOS?
Um
dos temas mais polêmicos que a batalha espiritual tem gerado é se
um cristão pode ter demônios. Muitos ministérios de libertação
incluíram algum ritual para expulsar demônios de crentes em seus
programas e isso tem acontecido em simpósios de batalha espiritual
em muitas igrejas. Alguns teólogos também passaram, nos últimos
anos, a aderir a tal posição e muitos deles reconhecem que o
assunto é controvertido. De qualquer forma, a Bíblia Sagrada tem a
palavra final sobre esta questão ou sobre qualquer outro assunto
relacionado com a vida espiritual e o cristão.
Merrill
F. Unger, um autor lido e seguido por várias pessoas que hoje
desenvolvem ministérios de libertação espiritual no Brasil,
reconhece a dificuldade de se tratar do assunto, ao declarar: A
verdade da questão é que as Escrituras em nenhum lugar declaram que
um verdadeiro crente não pode ser invadido por Satanás ou seus
demônios. Naturalmente, a doutrina deve sempre ter precedência
sobre a experiência. Nem pode a experiência jamais oferecer base
para a interpretação bíblica. Apesar disso, se experiências
consistentes chocam com uma interpretação, a única conclusão
possível é de que há alguma coisa errada, ou com a própria
experiência ou com a interpretação da Escritura que vai contra
ela. Certamente a Palavra inspirada de Deus nunca contradiz a
experiência válida. Aquele que procura a verdade com sinceridade
deve estar preparado para consertar sua interpretação a fim de
trazela em conformidade com os fatos como eles são.
Unger já
ensinou e escreveu, no passado, que somente os incrédulos estão
sujeitos a endemoninhamento ou possessão demoníaca. Mais tarde ele
mudou de idéia, e diz por que:
Em
Biblical Demonology (Demonologia Bíblica), publicado primeiramente
em 1952, a posição tomada era de que somente os incrédulos são
expostos ao endemoninhamento. Mas, através dos anos, várias cartas
e relatórios de casos de invasão demoníaca de crentes têm chegado
a mim de missionários em várias partes do mundo. Como resultado, em
meu estudo sobre a explosão atual do ocultismo intitulado Demons in
the World Today (Demônios no Mundo de Hoje), que apareceu em 1971, a
confissão é feita livremente de que a posição tomada no
Biblical Demonology (Demonologia Bíblica) “foi assim entendida,
pois a Escritura não resolve claramente a questão”.
Há alguns
problemas com as declarações de Unger. Primeiro, ele diz que a
Bíblia não afirma com clareza que um cristão não pode ser
invadido por demônios. Ora, se a Bíblia não diz isso com clareza
(o que não é verdade), como pode alguém então afirmar e ensinar
sobre aquilo que não está claro na Palavra de Deus? Seria o mesmo
que tentar ensinar escrever sobre o sexo dos anjos quando a Bíblia
nada fala a questão. Se a Bíblia não é clara sobre a possessão
de crentes, como pode alguém desenvolver então, biblicamente, uma
prática de expulsar demônios de crentes? Simplesmente impossível.
Pode-se
perceber também que Unger, que no passado ensinava que crentes não
podiam ficar possessos, depois mudou de posição. A mudança veio
não pela avaliação bíblica, mas, como ele mesmo conta, através
de cartas e relatórios de missionários baseados em experiências
dos campos de missões. Mas Unger não está só ao basear a
possessão de crentes em experiências e não na Bíblia. Veja a
opinião de Bill Subbritzky sobre o assunto: “Pode
um cristão ter demônios? A resposta é enfaticamente sim! Se você
tem sido informado de que isso não acontece, continue lendo e deixe
o Espírito Santo guiá-lo nesta questão. Estou ciente do muito que
se tem ensinado a respeito de os cristãos não poderem ter demônios.
Contudo, através de minha experiência no ministério há quatorze
anos, constatei que tal opinião é totalmente incorreta”.
Uma
autora no Brasil demonstra ter também opinião semelhante ao
declarar:
Muitos
defendem que, uma vez que o crente é habitação do Espírito (1
Coríntios 6:19), torna-se impossível um demônio habitar onde o
Espírito habita (...) o fato de o nosso corpo ter-se tornado o
templo do Espírito Santo não quer dizer que jamais poderá ser
ocupado por maus espíritos. Não deveria, mas é possível (...)
Todos quantos se envolvem no ministério de libertação
testemunham a manifestação de demônios em cristãos.
Certa líder
na área da batalha espiritual segue a mesma linha desses autores e
conclui:
Se
partirmos do pressuposto de que os crentes não podem ter demônios
ou não podem ficar endemoninhados, corremos o risco de deixar muitos
crentes opressos dentro da igreja, vivendo uma vida de grande prisão,
mornidão, com uma dificuldade tremenda para crescer. Afinal, o
inimigo deseja uma vida cristã medíocre. E aqui é preciso
esclarecer a questão da terminologia usada. De acordo com dezenas de
estudiosos do grego, daimonozomenai significa “ter demônios” e é
melhor traduzido pela palavra “endemoninhado”, nunca possesso,
pois no Novo Testamento não vemos o
uso do
termo (...) Endemoninhado tem um significado lato, indicando o estado
da pessoa que tenha um demônio ou até muitos demônios perturbando
ou oprimindo sua vida. Quanto ao local onde ele fica, não é o mais
importante. Ele pode ficar no corpo, fora do corpo, na alma da
pessoa.”(Neuza Etioka).
Dois outros
autores norte-americanos, John e Paula Sanford, acrescentam também:
Há aqueles
que crêem que o cristão cheio do Espírito Santo não pode ser
ocupado pelo poder demoníaco. Temos descoberto que isto não é um
fato histórico, ainda que a teologia diga que o Espírito Santo e os
demônios não podem habitar a mesma área. E o que tem acontecido.
Temos expulsado demônios de centenas de crentes cheios do Espírito
Santo, alguns deles não apenas cheios do Espírito Santo, mas
poderosos servos do Senhor! Como isso acontece eu não posso
explicar, mas tem sido para nós um fato incontestável de muitos
anos de experiência exaustiva.’
Este é o
segundo problema de Unger e é também o problema dos demais autores
aqui mencionados: experiência, experiência, experiência. Na última
citação, os autores até informam que nem sabem explicar como pode
acontecer a expulsão de demônios de crentes, mas continuam levando
tal prática adiante.
CRENTES NÃO FICAM POSSESSOS
Não creio na
possessão demoníaca em crentes, pelas seguintes razões bíblicas:
1o
- razão:
o
crente é santuário do Espírito Santo. “Acaso
não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que
está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a
Deus no vosso corpo.” (1 Co 6:19, 20.)
O Espírito
Santo não é um visitante esporádico na vida do crente. É morador
definitivo, e não se ausenta de sua morada.
Paulo garante
que não há possibilidade de convivência entre Cristo (Rm 8:9) e o
maligno (Ef 2:2.) “Que harmonia entre Cristo e o maligno?” (2 Co
6:15.)
2o
- razão:
o Espírito Santo é zeloso pelo seu santuário. “Ou supondes que
em vão afirma a Escritura: Ë com ciúme que por nós anseia o
Espírito, que ele fez habitar em n6s?” (Tg 4:5.).
O
Espírito Santo é a pessoa da trindade santa para a qual Jesus mais
reivindicou o nosso cuidado na análise de fatos ou no evitar de
palavras precipitadas. “Por
isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos
homens; mas a blasfêmia contra o Espírito ‘Santo não será
perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem,
ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguëm falar contra o Espírito
Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.”
(Mt 12:31, 32.)
Atribuir as
obras de Jesus ao poder de Belzebu, o maioral dos demônios, já era
pecado e blasfêmia contra o Espírito Santo, que estava sobre Jesus
(Lc 4:18, 19), pois o Espírito Santo não pode ser veículo usado
por Satanás. Diante de tal santidade e zelo será possível
admitirmos que o Espírito Santo permitiria a entrada de força
maligna em seu santuário? Louvado seja o seu nome porque ele não
permite.
3o
- razão: o
crente é
propriedade
de Deus. É
maravilhosa a declaração, de Paulo em Efésios 1:13, 14: “Em
quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes
selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da
nossa herança até ao resgate da sua
propriedade,
em louvor da sua glória.”
No verso 14, os crentes são chamados de “propriedade de Deus”. O
sublime de tudo isto é que o Espírito Santo é o “penhor” da
nossa ressurreição futura, ou seja, a garantia de que não estamos
órfãos (Jo 14:18) e de que seremos transformados na ressurreição
(1 Co 15:52.). A
presença do Espírito Santo em nós é a garantia de que somos
propriedade de Deus.
“Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”
(1 Pe 2:9.)
A propriedade
é exclusiva. Essa “propriedade” não será loteada e vendida ao
diabo.
4o
- razão: Jesus
é o valente que tomou posse da propriedade.
“Quando
o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança
todos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele
vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os
despojos.
(Lc 11:21, 22.)”.
O Senhor Jesus
veio ao mundo “para destruir as obras do diabo.” (1 Jo 3:8.)
Jesus me
fascinou pela sua valentia e coragem diante da cruz. Essa valentia é
a mesma no que diz respeito a guardar os seus filhos das investidas
do diabo na tentativa de possuí-los.
Jesus é o
Senhor absoluto de sua casa (1 Pe 2:5) e de seu tabernáculo (2 Co
5:1), que são os nossos corpos.
5o
- razão:
O
Espírito Santo intercede pelos crentes em suas fraquezas.
“Também
o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque
não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis.”
(Rm 8:26.)
É
porque o Espírito Santo perscruta até mesmo as profundezas de Deus
que Ele pode interceder por nós de acordo com a vontade perfeita do
profundo e humanamente insondável coração de Deus.
“Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu
próprio espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus
ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.”
(1 Co 2:11.)
Davi
invocava o Espírito Santo para ajudá-lo a viver na perfeita vontade
de Deus. “Ensina-me
a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom
Espírito por terreno plano”.(Sl.
143:10.)!
O cristão não
é um super-homem, mas é superprotegido graças à intercessão do
Espírito Santo nas horas de maior fraqueza e necessidade.
6o
- razão: O
imutável amor de Crista garante a segurança.
“Em
todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem
vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do
porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra
criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus nosso Senhor.”
(Rm 8:37-39.)
O
que nos dá segurança é o fato de o amor ser o de Cristo Jesus. Seu
amor é sublime e leal, “é forte como a morte” (Ct 8:6) e a sua
fidelidade está para além da fidelidade do crente, porque “se
somos infi6is, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode
negar-se a si mesmo”.
(2 Tm 2:13.)
“Bem-aventurado
o homem que confia no amor de Cristo por sua vida. A promessa para
ele é: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à
tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite a lua, O
Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor
guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.”
(Si 121:5-7.)
O
crente jamais será esquecido pelo amado Senhor Jesus, pois o seu
nome está nas palmas de Sua mão. “Acaso
pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não
se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se
esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas
palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente
perante mim.”(Is
49:15, 16.)
O
crente pode reivindicar todas as promessas da Palavra de Deus,
“Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim;
porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus, por
nosso
intermédio”
(2 Co 1:20.)
Um filho de
Deus jamais ficará possesso por espíritos malignos. Esta é a
confiança.
(Este
estudo foi extraído dos seguintes livros: “Evangélicos em Crise;
Pr. Paulo Romeiro; Principados e Potestades. Recomendamos a leitura
de ambos).
Autor: Pr Paulo Romeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário