O pai morreu!
O filho, Guilherme, revoltado contra Deus pela morte do seu pai.
A mãe, enlutada, não tem palavras que possam dar conforto ao filho...
Deus fala com Guilherme.
Elenco:
Mãe: gentil, vestida de preto.
Gui: Guilherme, adolescente, vestido de preto
Deus: Vestido de branco
Cenário: No quarto do Guilherme.
(Mãe e filho entram vestidos de preto. Ela abraça o filho, ele se solta dela, com raiva)
Mãe: Gui, você está bem?
Gui: Não! Ele não deveria ter morrido!
Mãe: Eu sei... É tão difícil entender.
Gui (com mais raiva): Ele deveria estar no Campeonato de Futebol da escola no mês que vem! Não é justo! Ele não deveria ter morrido!
Mãe: Você sabe que ele queria estar lá com você. Não tinha nada que ele pudesse fazer. Ninguém poderia fazer nada.
Gui: Deus poderia ter parado! Nós oramos! Por que ele não foi curado? Por que Deus não o curou?
Mãe: Eu... Eu não sei. Eu sei que seu pai amava Deus de todo o coração, e ele está no céu agora. É nisso que devemos nos apoiar, por agora... E que o veremos de novo algum dia.
Gui: Algum dia? Eu não preciso dele algum dia! Eu preciso do meu pai no meu Campeonato de Futebol no mês que vem!
Mãe: Eu sei... Desculpe... Por que não conversamos mais amanhã? Nós dois estamos muito cansados e eu tenho que ir ao escritório do advogado assinar alguns papéis. Você vai ficar bem até eu voltar? Mais tarde eu esquento um pouco de comida para nós.
Gui: Não estou com fome.
Mãe: Eu sei. Nem eu, mas talvez até mais tarde estejamos. Tenho certeza de que nos sentiremos melhor se comermos algo.
Gui: Que seja.
Mãe: Eu te amo, muito. Eu volto em duas horas.
Gui: Que seja.
(A mãe sai, Gui senta na cama)
Gui: ...Não é justo!
(Ele se levanta e joga tudo o que está sobre a mesa no chão, com muita raiva)
Gui: Não é justo!
(Começa a chorar e senta-se na cama, tapando o rosto com as mãos. Um homem de branco, silenciosamente se aproxima dele)
Gui (olhando para cima): Deus! Estou furioso com você! Você poderia ter parado. Você poderia ter curado ele. Nós oramos! A Bíblia não diz que você responde quando oramos?
Deus: Eu sempre respondo o choro de um coração.
Gui (olha para o alto, com mais raiva e então surpreso): Você não me respondeu! Eu orei por semanas para que meu pai não morresse, e agora ele se foi!
Deus: Eu entendi o que você queria... O seu pai aqui com você... Para levá-lo aos jogos de futebol... Para estar aqui quando se formasse na faculdade... Quando se casasse e quando você tivesse seus próprios filhos.
Gui: Não só para coisas grandes. Eu o queria aqui só para conversar. Ou para ver televisão comigo. Eu só o queria aqui.
Deus: Eu sei... Sabe quando eu mais gostei de ver vocês dois juntos?
Gui: Do que você está falando?
Deus: Eu me lembrei do domingo em que você foi até o altar para pedir o meu Filho em sua vida. Seu pai estava lá, segurando seus ombros. Ele estava tão orgulhoso de você ali, como nunca esteve antes. Ele também estava orgulhoso de si mesmo. Ele sabia que tinha sido um bom pai para você. Ele tinha dado a coisa mais importante para você, para crescer como um homem que ele se orgulharia.
Gui: Mas por que você não atendeu a minha oração?
Deus: Eu disse, eu sempre atendo ao choro de um coração.
Gui: Mas eu pedi para você para curá-lo.
Deus: Guilherme, eu queria que você ouvisse o que eu ouvi, às 11:30 da noite na última quinta-feira. Você estava com o seu pai, no hospital, ele estava sentindo muitas dores. Ele entrou em coma, mas a dor estava lá. Ouça... Foi isso que eu ouvi.
Voz de Guilherme: Deus, por favor, não o deixe sofrer assim. Por favor... Jogue essa dor para longe.
Deus: Isso é o que eu quero dizer com o choro de um coração. Você não estava pensando em você mesmo, ou o quanto ele te faria falta. Você só estava pensando nele, e quanta dor ele estava sentindo. Você só queria o melhor para ele, sem importar o quanto isso te custaria. Eu sei como se sente.
Gui: Você é Deus. Como você pode saber a dor de se perder um pai? Como você pode saber como me senti ali, vendo ele morrer?
Deus: Porque eu estive ali, vendo o meu filho morrer... Como você acha que se sentiria, se você tivesse o poder de impedir seu pai de morrer, mas ainda assim ficar ali, só olhando?
Gui: Mas por que você fez isso? Você é Deus!
Deus: Porque eu amo você. E sua mãe, e seu pai. Como eu não poderia permitir meu filho de morrer, se isso significava a vida eterna para todos vocês? Eu senti a falta dele quando ele veio a este mundo como um bebê, exatamente como você sente falta de seu pai agora. Partiu meu coração ficar ali, vendo-o morrer, exatamente como o seu coração está partido agora. Mas eu amei demais a você para pará-lo, e ele te amou muito para não vir. Mesmo que isso significasse a cruz. É por isso que seu pai está no céu comigo agora, e esperando por você e sua mãe. Algum dia. Eu sei, eu não posso sempre responder do jeito que querem que eu responda, mas eu sempre respondo suas orações. Às vezes é sim, às vezes é não, e às vezes é apenas... Espere. Eu não posso te dizer agora, todas as razões porque o seu pai se foi, mas eu prometo, você vai entender algum dia. E eu prometo que estarei com você e sua mãe, todos os dias, e todos os anos à frente. Eu não te deixarei nem por um minuto. Você acredita que farei isso?
Gui: Sim... E, me desculpe, eu... Eu estava tão nervoso... E... Pode dizer ao meu pai o quanto o amo e o quanto eu realmente sinto falta dele?
Deus (abraçando): Com certeza, eu direi!
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