“Eras Tu, Senhor” -
Personagens:
Jesus
Casal Pobre: Joaquim e Madalena
Casal Rico: Eduardo Augusto e Márcia Regina
Mendigo
Prisioneiro
Prostituta
(Entra Jesus e fica no centro da igreja. Entram os dois casais, um de cada lado e começam a orar.)
MADALENA: Senhor, nesta noite de Natal, seu aniversário, nos queremos te convidar para que vá cear com a gente.
JOAQUIM: É Senhor, não temos muito. Mas, gostaríamos de sua presença.
JESUS: Irei cear convosco. Vão e aguardem minha presença. (O casal rico observa a conversa. Depois de terminada riem e zombam do outro casal.)
MÁRCIA: Amor, você viu isso?
EDUARDO: É brincadeira mesmo, esse bando de pé rapado convidando o Senhor, o Senhor, pra cear
MÁRCIA: Não dá pra acreditar. E eles sabem ao menos o que é uma ceia? Agora nós, vamos prepara um magnífico banquete para o Senhor. Eduardo Augusto, convide o Senhor para cear conosco.
EDUARDO: Senhor, queira nos dar a honra de vossa presença em nossa mansão de 73 cômodos na noite de Natal?
JESUS: Irei cear convosco. Vão e aguardem minha presença. (saem ambos e vão para suas casas) (o diálogo ocorre paralelamente)
MADALENA: Estou movimentando todos os nossos 37 empregados para deixar tudo impecável para recebermos o Senhor. Afinal, nada pode dar errado.
JOAQUIM: É bom mesmo, alguém tão ilustre. Nada pode dar errado, senão coloco todo mundo no olho da rua.
MADALENA: É. Você lembra da vez que recebemos o príncipe de Mônaco e o caviar não estava no ponto. que vergonha, achei que não ia sobreviver.
EDUARDO: Mas hoje vai dar tudo certo. Vamos colocar nossa melhores roupas e esperar.
JOAQUIM: Mulher, só temos três pães para oferecer a Jesus. É muito pouco. E agora?
MÁRCIA: Mas é tudo que temos. Ele vai ter que entender. (entra o mendigo que bate à porta da família rica e depois vai a porta da família pobre)
MENDIGO: Moço por favor me dê um pouco de comida, um pão serve. Há quatro dias que eu não como nada.
EDUARDO: Saia daqui seu mendigo imundo, não vê que está sujando a entrada de nossa casa. Não tem comida nenhuma aqui.
MENDIGO: Mas numa casa tão grande e tão bonita não tem nada pra comer?
EDUARDO: Não. Não temos. Vá procurar em outro lugar.
MENDIGO: Moço por favor me dê um pouco de comida, um pão serve. Há quatro dias que eu não como nada.
JOAQUIM: Meu filho também somos muito pobres. Mas vou ver se tem algo. Madalena alguém pede comida na nossa porta. Temos alguma coisa?
MADALENA: Somente os pães para o Senhor. Tome um. O Senhor entenderá. (o mendigo ganha o pão e sai)
MÁRCIA: Como o Senhor está demorando? Será que Ele não vem.
EDUARDO: Pois eu acho bom ele aparecer. Com esse tanto de comida o que vamos fazer?
MÁRCIA: E eu ainda tenho hora marcada no meu massagista. Afinal, tempo é dinheiro. (E assim bate a porta o prisioneiro)
PRISIONEIRO: Moço eu acabei de ser solto, não tenho família, nem dinheiro, por favor me ajude a arrumar um emprego e um pouco de comida.
EDUARDO: Suma daqui marginal, vagabundo, está sujando meu chão seu ladrãozinho.
MÁRCIA: Amor, quem era?
EDUARDO: Não queira nem saber. (o prisioneiro sai de cabeça baixa)
PRISIONEIRO: Moça eu acabei de ser solto, não tenho família, nem dinheiro, por favor me ajude a arrumar um emprego e um pouco de comida.
MADALENA: Vamos te ajudar meu irmão, não te preocupe.
PRISIONEIRO: Fui condenado por algo que fiz e que me arrependi. Já pedi perdão a Deus e quero mudar de vida.
JOAQUIM: Não temos muito apenas uns paezinhos. Tome.
PRISIONEIRO: Muito obrigado. Deus lhes pague.
EDUARDO: Márcia Regina, você não disse que o Senhor viria. Cadê ele que não aparece?
MÁRCIA: Já estou cansada de esperar o senhor. A comida está esfriando. Vai dar o maior trabalho jogar tudo no lixo. (bate à porta uma prostituta)
EDUARDO: Amor você não acredita?
MÁRCIA: É o Senhor?
EDUARDO: Mas virou casa da Tia Joana, mesmo. Depois de vagabundo e ladrões, quem me aparece? Uma mulher da vida.
MÁRCIA: O que você quer aqui heim sua prostituta? Que fazer um programa com meu marido?
PROSTITUTA: A vida não é fácil pra mim senhora, pra não morrer de fome, tenho que vender meu corpo, eu não quero essa vida, mas tenho que viver.
EDUARDO: Olha aqui coisinha, você faz da sua vida o que quiser, mas nos deixe em paz. Fique bem longe da gente.
PROSTITUTA: Moço, eu estou morrendo de frio, o senhor não tem uma roupa velha, que possa me dar.
MÁRCIA: Mas é o cúmulo, roupa velha na minha casa. Tá maluca. Só tem roupas novas aqui. E muito caras. Vá embora. (vai na casa pobre)
PROSTITUTA: Moço, eu estou morrendo de frio, o senhor não tem uma roupa velha, que possa me dar.
JOAQUIM: Claro! Vamos procurar. só um instante.
MADALENA: Você parece estar com muita fome né? Não temos muito. apenas um pão, tome.
PROSTITUTA: Muito obrigada moça. Adeus.
EDUARDO: Esse cara não vem. Agora Ele vai ter pagar toda essa comida estragada
MÁRCIA: Onde já se viu, recusar um convite dos Albuquerque de Mendonça. Está na nossa lista negra.
EDUARDO: Quem Ele pensa que é. Vamos na igreja. Ele vai ouvir umas poucas e boas.
MÁRCIA: Veja lá como fala. Pode ter acontecido um imprevisto. Algum socorro urgente. Vamos saber.
JOAQUIM: É mulher, acho que o Senhor não quis vir até esse barraco caindo os pedaços. Ele também deve ter recebido tantos outros convites.
MÁRCIA: Mas, também, tantas pessoas nos pediram ajuda logo hoje. Toda nossa comida acabou. Ainda bem que Ele não veio, não íamos ter o que servir.
JOAQUIM: Vamos a igreja, quem sabe Ele não vem conosco apenas para nos visitar? (Vão à igreja)
JOAQUIM: Senhor, te convidamos e te esperamos e não viestes cear conosco?
MADALENA: Te esperamos a noite toda?
JESUS: Vinde benditos de meu pai. Tomai posse do reino que desde o início vos está preparado. Pois tive fome e me destes de comer, tive sede e deste de beber, era peregrino e me acolhestes, nu e me vestistes.
MADALENA Mas Senhor quando foi que te demos de comer ou de beber, quando foi que te acolhemos e te vestimos?
JESUS: Em verdade vos digo: Todas as vezes que fizeste isto a um destes meus pequeninos foi a mim que o fizestes.
EDUARDO: Então o Senhor teve tempo de ir na casa destes aí e não foi na nossa.
MÁRCIA: Quem vai pagar o prejuízo hein?
JESUS: Afastai-vos de mim malditos. Vão para as profundezas destinadas ao demônio e a seus anjos. Pois tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me deste de beber, era peregrino e não me acolhestes, nu e não me vestistes.
MADALENA: Mas Senhor quando foi que te vimos com fome, com sede, quando foi que te vimos peregrino ou nu?
JESUS: Em verdade vos digo: Todas as vezes que não fizestes isto a um destes meus pequeninos foi a mim que deixaste de fazer.
(todos ficam de cabeça baixa. Jesus sai e entra novamente o mendigo)
MENDIGO: Só aquele pão que me deram não foi suficiente para matar a minha fome. Acho que estou morrendo. (morre)
(os casais chegam perto, vê a criança morta, pagam-na no colo e dizem juntos: ERAS TU SENHOR!)
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