18 de fevereiro de 2010

peça teatral - NANDIC




PERSONAGENS:

Nandic: Menina de mais ou menos 4 anos de idade

Sumo Otefe: Sumo sacerdote, pai de Nandic

Hanna: Mãe de Nandic

2 soldados

Missionário
Parte I

(Somente missionário e Sumo Otefe. O Sumo Otefe sentado no chão sobre um tapete ouvindo o missionário. O missionário com a bíblia na mão, lê como para um grande público, para isso inclui a platéia, ou seja, Sumo Otefe está de costas para a platéia.)

Missionário: Quem nos separará do amor de cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todos os dias, fomos reputados como ovelha para o matadouro, mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, porque ele nos amou: porque estou certo de que nem a morte nem a vida , nem anjos , nem principados, nem potestades, nem o presente, nem o porvir, nem altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Jesus Cristo, nosso Senhor!

Sumo Otefe: OH! Senhor missionário, porque demorastes tanto para chegar até aqui? Por que não vieste trazer a verdadeira mensagem há mais tempo? Desconhecíamos toda a verdade, e muitos pecados cometemos por isto. Se soubéssemos antes... Não existiria Oranzin... (tempo) Nandic estaria comigo...

Parte II

Cena 1

(Som: tempestade, trovões, vento, relâmpagos...) (Nandic atravessa o palco chamando por sua mãe, volta e fica em conflito de qual caminho a seguir pois a estrada se divide. Um trovão no céu e ela toma a estrada errada. Tudo escurece e os dois soldados gritam e carregam-na para fora do palco. Os soldados voltam para o palco.)

Soldado 1: Precisamos comunica-lo.

Soldado 2: Você conta.

Soldado 1: Eu não, você.

Soldado 2: Eu não tenho coragem.

Soldado 1: Nem eu.

Soldado 2: Mas precisamos contar.

Soldado 1: Se não, seremos destruídos. Sumo Otefe terá de cumprir os mandamentos de deus Oranzin.

Soldado 2: Deus Oranzin já deve estar preparando a vingança.

Soldado 1: Nandic é a primeira a pisar lá.

Soldado 2: Deus Oranzin não permitirá isso.

Cena 2

(Otefe sentado majestosamente em uma cadeira. Entram soldados fazendo reverências e trazendo Nandic. Otefe levanta-se.)

Otefe: O que está acontecendo aqui?

Soldado 1: Sua filha, senhor sumo sacerdote Otefe, pisou em terá sagrada do templo do deus Oranzin.

Otefe: (aos prantos) Hana, Hana, Hana...

Nandic: (vai até o pai) O que houve papai? Por que esses homens me trouxeram até aqui? Por que o senhor está chorando?

Otefe: Hana...

(Entra Hana)

Hana: Por que me chamas desta forma, amado meu?

Otefe: Nandic pisou nas terras sagradas de Oranzin. A lei é bem clara quanto a isso: que seja atirada do mais alto penhasco da cidade, pelo sumo sacerdote do povo, ou todo povo será amaldiçoado por Oranzin. Eu preciso cumprir a lei.

Hana: Não, Nandic, não. Ninguém vai tirá-la de mim. (Pega-a nos braços e vira-se de costas). De meus braços Nandic não sairá. Que todo povo seja morto no lamaçal escaldante. Que larvas incandescentes derramem-se por toda nação, mas ninguém separará Nandic de mim.

(Os soldados tentam tirar Nandic. Otefe tenta convencer Hana de que é preciso. Nandic chora) Otefe: Hana, é preciso fazer isso.

Hana: Eu não quero!

Otefe: Eu também não quero!

Nandic: Por que vocês estão brigando assim?

Soldado 1: Precisamos leva-la agora.

Hana: Deixem-na comigo, pelo menos até manhã.

Soldado 2: Todos sabemos que isso é impossível.

Hana: (Joga-se no chão) Se Nandic fosse um menino nada disso estaria acontecendo.

Nandic: Mamãe, não chore, por favor!

(Hana de joelhos, abraça Nandic)

Hana: Oh! Meu amor!

(Tempo)

(Otefe está sentado com a cabeça entre as mãos)

Otefe: Eu não conseguirei, minha única filha.

(Os soldados tiram-na dos braços da mãe e levam-na)

Nandic: Para onde estão me levando, mamãe? Eu não quero ir, eu quero ficar aqui.

Hana: Vai filhinha, vai.

(Otefe abraça Hana e sai)

Hana: (No chão) Deuses, maldições, leis, santuários, mandamentos, templos, penhascos...

Cena 3

(Um soldado em cada lado do palco. Passa sumo Otefe de mãos dadas com Nandic.)

Nandic: Aonde estamos indo papai?

Otefe: Nós vamos colher flores do alto do penhasco.

Nandic: Mas mamãe disse que não há flores porque é outono.

Otefe: Então, veremos nossa tribo, lá de cima.

Nandic: Eu estou cansada, papai.

Otefe: Falta pouco filhinha, falta pouco.

(Otefe vira-se para os soldados e faz um sinal)

Otefe: Não conseguirei, façam vocês.

Soldado 2: Mas é o sumo sacerdote que precisa fazer isso.

Otefe: Sumo sacerdote, mas não o pai.

Nandic: Fazer o que, papai?

Otefe: Vai com eles filhinha, papai logo chega lá.

(A abraça)

(Nandic segue os soldados até saírem de cena. O pai fica sozinho em cena com a cabeça entre as mãos. Ouve-se o grito de Nandic)

(Black out total)

(Entra Otefe com um tapete e uma flauta. Desenrola o tapete, senta-se sobre o mesmo no centro do palco e toca um triste hino na flauta doce)

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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
João 4:14

E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
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