“Vamos sair agora”, disse a mãe. “Sejam bonzinhos, busquem a lenha e arranjem tudo, até que voltemos”.
“Sim, mamãe”, prometeu Paulo e José.
“Se tudo estiver pronto quando chegarmos de volta, teremos uma agradável surpresa para vocês”, disse a mãe.
“Mais ainda”, adicionou o pai, “não saiam ao lago enquanto estivermos fora”.
José e Paulo prometeram não ir ao lago. Houve as despedidas e o casal Carson partiu em sua viagem de algumas léguas, à cidade.
“Bem”, disse Paulo, “é melhor que apanhemos a lenha agora mesmo, para não ficarmos preocupados com isto. Assim também estaremos certos de receber o que a mamãe nos prometeu, se nossa tarefa for feita”.
“Está fazendo muito calor agora”, replicou José. “Vou esperar até à tardinha, para fazer minha parte”.
Enquanto ainda conversavam sobre o trabalho a ser feito, surgiu à porta da residência um de seus amiguinhos. De fato, era um de seus mais íntimos amigos.
“Oh!” Exclamou José, chegou o David! Para onde irá ele?
“Alô, David, para onde vai você? Perguntaram os dois irmãos, quase ao mesmo tempo”.
“Vou nadar um pouco no lago. Vamos juntos?”.
“Não podemos, David, porque o papai e a mamãe foram à cidade e nos disseram que não fôssemos ao lago”.
“Eles não irão saber disso. Estaremos de volta muito antes que regressem”.
“Mas”, disse Paulo, “nós prometemos que não iríamos ao lago”.
“Vamos, vamos”, insistiu David, “está fazendo calor e será bom um banho agora”.
José e Paulo bem sabiam que não deviam ir. Mas estava um tempo muito quente e eles, pensando no banho, ficaram quase a ceder à tentação. Tinham certeza de que chegariam em casa antes do regresso dos pais.
“Espere um momento”, disse Paulo, “e iremos também”.
Entraram apressadamente, apanharam os calções de banho e correram com o David, em demanda do lago.
O lago ficava a uma distância de cerca de meia légua, de maneira que, ao chegarem lá, estavam bem molhados de suor.
“Estou alegre por havermos decidido vir”, disse José, “pois depois do banho ficaremos mais dispostos para o trabalho a ser feito”.
A água estava tão agradável, que eles logo se esqueceram de seus deveres. José avistou uns botes à distância e sugeriu a idéia de nadarem até lá.
Paulo objetou, chamando a atenção do irmão para a profundidade das águas naquele lugar.
“Mas descansaremos nos botes”, respondeu José, conseguindo convencer os companheiros. Todos começaram a nadar com destino ao local das embarcações.
Num dado momento, cansado de brincar nos barcos, José salta nágua, sem atender aos conselhos dos outros. Sabiam que ele não nadava bem e logo ficaram assustados quando o viram desaparecer no lago. Subiu, mais uma vez, para afundar em seguida e, na terceira vez, não voltou mais à tona!
“José! José!...” clamaram os dois que ficaram nos barcos, mas tão perplexos que não sabiam o que fazer.
David, que era bom nadador, mergulhou para ver se encontrava o companheiro, não achando nada, infelizmente.
Enquanto isso, Paulo já havia saído em busca de socorro. A casa mais próxima se encontrava a mais de um quilômetro de distância. Ao chegar o primeiro homem, David já estava exausto de mergulhar, sem resultado algum. Depois de muito trabalho, o mergulhador encontrou o corpo de José e o conduziu à margem do lago.
Apareceu, no momento, outro morador daquela vizinhança, enfermeiro da Cruz Vermelha e começou logo a fazer respiração artificial, para tentar salvar o menino, mas todos os esforços foram em vão. Estava morto!
David e Paulo oraram, para que Deus os ajudasse. O enfermeiro tentou mais uma vez, fazendo respiração artificial, mas não foi possível obter resultado.
“Vão avisar aos pais do José”, disse o enfermeiro, “pois já está quase anoitecendo”.
Os dois meninos partiram apressadamente para casa. À distância perceberam que havia fumaça da chaminé do fogão, sinal de que os pais já haviam voltado.
Ao chegar Paulo em casa, os pais fizeram logo várias perguntas, pois estranhavam a ausência de José, mas ele não podia responder, até que, com a voz embargada, pôde pronunciar: “no lago...”.
Num instante o casal, havendo buscado o automóvel, partiu em direção do local. Paulo queria contar a história, mas não podia, pois o choro não permitia que falasse.
Chegaram, afinal, à margem do lago. Lá estava o corpo do José. Foi uma cena tocante, quando a mãe abraçou e beijou o filho, inerte e frio, em conseqüência da desobediência.
O pai, o Sr. Carson providenciou o enterro.
Acalmados os ânimos, Paulo se dirigiu à mãe e disse-lhe:
“Mamãe, estou pronto para sofrer meu castigo. Eu fui o maior culpado. Eu o induzi a ir ao lago”.
“Meu filho”, respondeu-lhe muito comovida a mãe, “você já sofreu seu castigo. Quero que jamais se esqueça da dura lição que lhe foi dada: Vale a pena obedecer aos pais e a Deus”.
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