Ela era uma costureira. Não era uma jovem, nos seus 42 anos de idade.
Como sempre fazia, subiu no ônibus, de volta para casa.
Mas naquele dia ela fez diferente. Todos os negros eram obrigados a ceder seu lugar se chegasse um branco.
Ela estava cansada e naquele dia Rosa Parks não cedeu seu lugar, quando o motorista lhe ordenou que o fizesse.
Mas a lei era clara. Aquilo era crime e ela foi presa.
Os negros se revoltaram e resolver fazer um boicote aos ônibus: daquele dia em dia nenhum negro viajaria nos ônibus da cidade. Durante 381 dias ninguém furou o boicote.
O principal líder do movimento era um negro, pastor batista de 26 anos de idade.
Ele também foi preso e logo o mundo inteiro passou a respeitar seu nome: Martin Luther King, Jr.
Seu pai também era um pastor.
Após o movimento que liderou contra a segregação racial nos ônibus, sua vida esteve sempre em perigo. A primeira ameaça foi uma bomba jogada na varanda de sua casa. Mesmo correndo risco de vida, não parou.
Entre os fatos marcantes da sua vida está uma marcha em direção Washington, capital dos Estados Unidos, da qual participaram milhares de pessoas. Numa das escadarias da cidade, prega o seu mais famoso sermão (`Eu tenho um sonho'), onde manifestava o desejo de que um dia brancos e negros seriam iguais.
Este sonho lhe custou caro: foi preso várias vezes, foi esfaqueado na rua, foi torturado na cadeia.
A causa dos negros foi sua principal luta, mas não a única. Ele também liderou movimentos contra a presença dos Estados Unidos na guerra do Vietnã.
Ganhou o Prêmio Nobel da Paz por todas as suas lutas pela não-violência.
Seu método fez com que muitos brancos participassem de suas lutas. Como resultado, as leis racistas norte-americanas foram caindo uma a uma. Hoje, naquele país, brancos e pretos são iguais perante a lei.
King estava certo de que `a liberdade jamais é dada voluntariamente pelos opressores' e que esta `deve ser exigida pelos opressores'. Ao seu ver, esta conquista devia ser feita não pela força das armas, mas pela força da paz. Seu método, aprendido com Jesus Cristo e reaprendido com Ghandi, da Índia, era o da não-violência.
E o que a não-violência?
1. A não-violência é a vereda do forte, não um método de covardia;
2. O alvo da não-violência é sempre a redenção e a reconciliação, não humilhar e desafiar o adversário, mas ganhar a amizade e a compreensão do inimigo;
3. A não-violência é direcionada, não contra as pessoas que praticam o mal, mas contras as forças do mal, contra a injustiça, e não contra as pessoas;
4. o sofrimento redentivo assume que há poder social, cultural, político e econômico na não cooperação, mas o poder moral no sofrimento voluntário em prol dos outros;
5. Ágape (amor incondicional, não egoísta para com o semelhante -- um dom de Deus) supõe que o homem não-violento deve evitar a violência física externa, e a violência espiritual interna; deve recusar-se a odiar o adversário, e isso só pode acontecer quando amor ético está projetado no centro da vida de alguém;
6. o universo, a dinâmica da história, está ao lado da justiça e da paz. No longo percurso, a verdade prevalecerá e haverá uma totalidade universal harmoniosa.
Este crente na não-violência foi silenciado pela violência, quando um homem branco o fuzilou, quando ele estava na sacada de um hotel. Tinha 39 anos de idade.
Dois meses antes de morrer, pregou na igreja onde era co-pastor do pai, que gostaria que dissessem dele basicamente que foi um mensageiro. `Digam que fui um mensageiro da justiça. Digam que fui um mensageiro da paz. Que fui um mensageiro da retidão'.
Sobre este mártir da justiça, o pastor José dos Reis Pereira escreveu o seguinte:
`Em Martin Luther King Jr. vejo o amor em ação. Não o amor téorico. Amor na prática. Ele amava seus irmãos de raça por cuja liberdade lutava; mas amava também os brancos que os oprimiam. O movimento que lançou se baseava na não-violência.
(...)
Foi um cristão que viveu cristãmente. Um cristão que se empenhou numa luta considerada por muitos impossível, mas venceu aplicando métodos cristãos, pois o Cristianismo verdadeiro opõe-se à violência'.
Todos nós, cristãos que amamos a justiça, devemos muito ao martírio desse batista chamado Martin Luther King, Jr.
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PRINCIPAIS MOMENTOS
Nome: Martin Luther King, Jr.
Nascimento: 1929
País: Estados Unidos
Cidades: Atlanta, Montgomery
Morte: 1968
Forma: assassinato a bala
Livros: `Marchando em direção à liberdade', `Força para amar', `Não podemos esperar', `Para onde iremos: para o caos ou para a comunidade?'
[Fatos relevantes:
1955: lidera o boicote contra os ônibus;
1958: é esfaqueado no peito;
1959: visita a Índia, para conhecer melhor o pensamento de Ghandi;
1963: marcha sobre Washington;
1964: recebe o Nobel da Paz;
1966: protesta contra a guerra do Vietnã;
1968: é assassinado.]
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PENSAMENTO
"Se puder ajudar aguém à minha passagem, se puder alegrar alguém com uma palavra ou canção, se puder mostrar a alguém que está andando errado, não terei vivido em vão;
se puder cumprir o meu dever de cristão. Se puder levar a salvação ao mundo ontem arrasado;
se puder difundir a mensagem como o Mestre o ensinou,
então a minha vida não terá sido em vão".
"A nossa luta em prol da justiça racial é baseada nessa espécie deamor. Não podemos jamais desistir. Temos de trabalhar apaixonada e infatigavelmente pela cidadania de primeira classe. Não podemos nunca contemporizar na nossa determinação de remover todos os vestígios de segregação e discriminação no nosso país, mas tampouco podemos abrir mão do nosso privilégio de amar.
Tenho visto demasiado ódio para querer odiar.
Temos de poder dizer aos nossos mais fanáticos opositores:
-- Igualaremos a vossa capacidade infligir sofrimento com a nossa capacidade de suportá-lo. Enfrentaremos a vossa força física com a nossa força moral. Fazei o que quiserdes e continuaremos a amar-vos. Não podemos, em boa consciência, obedecer às vossas leis injustas e acatar o vosso injusto sistema, porque a não-cooperação com o mal é tanto uma obrigação moral quando a cooperação com o bem. (...) Ficai certos de que a nossa capacidade de sofrer triunfará e um dia conquistaremos a nossa liberdade. Não só conquistaremos a liberdade para nós, mas apelaremos de tal maneira ao vosso coração e à vossa consciência, que também vos conquistaremos e a nossa vitória será dupla".
"América, tu te transviaste. Tu calcaste aos pés dez milhões de teus filhos. Todos os homens são criados iguais. Não alguns homens. Não os homens brancos. Todos os homens. América, levanta-te e regressa ao lar".
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
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