1 de novembro de 2008

O jovem e a árvore

Escrito por JULIO OLIVEIRA SANCHES
25-Sep-2008

Depois de cortada não há como mudar o local da queda da árvore. Os lenhadores experientes conhecem, pela inclinação da árvore, qual o lugar em que cairá. De posse do segredo, entalham o tronco para que a própria natureza faça o seu trabalho.

Não há como modificar o resultado do que fazemos ao longo da vida. A vida nos paga com juros escorchantes, correção impiedosa e aviltante, o resultado do nosso labor e escolhas. Especialmente do pão que lançamos às águas na semeadura juvenil. Resultado implacável da semeadura. “Porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”, escreve Paulo aos Gálatas 6.7b. Ninguém reclama da semeadura. Lamentamos a colheita. Especialmente quando os frutos são maiores do que os desejados.

Salomão, agora velho, está tentando traçar o caminho da felicidade para os jovens do seu tempo e de todos os tempos. “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade” (Ec 12.1), diz o sábio. É a angústia de todos os velhos ao colher as lágrimas do seu agir jovem. Tentar que a geração vindoura não lhes siga os tresloucados passos. Mas, por natureza, o jovem se rebela contra os conselhos dos velhos machucados, deprimidos, corroídos e arrependidos. O jovem vê o velho como inepto e fracassado. Alguém que não conseguiu consertar o mundo. Que lhe entrega uma sociedade que se dilui nos mesmos fracassos de sempre. Há razão no jovem para assim agir e pensar. A decadência é crescente. O ser humano involui a cada novo dia. Chegamos à barbárie com resquícios de crueldade nunca vistos.

A reação do jovem é: Comigo vai ser diferente! Com eles não deu certo, mas comigo dará! Esta ação do jovem integra a dinâmica da própria idade. Vai cometer erros maiores. Com mais facilidades. Com mais liberdade e libertinagem. Sofrerá mais e fará outros sofrerem, na busca da felicidade utópica. E o mundo continuará o mesmo.

Salomão não diz: “Não faça”. Apenas apresenta argumentos indestrutíveis e inquestionáveis. Caso você faça o que eu fiz vai se deparar e colher os mesmos resultados negativos que colhi. Trabalhará para o vento. Deixará bens materiais a quem vai desperdiçá-los, sem medir as conseqüências. Você poderá conquistar o mundo material e se não providenciar um túmulo digno, um aborto será melhor (Ec 6.3). Razão simples. Deixamos esta vida como chegamos. Nu nascemos e nu morreremos (Ec 5.15). Não é fácil absorver esta dura realidade. Ao longo da vida acumulamos conhecimentos descartáveis. Agregamos currículos que nos fazem orgulhosos. Com direito à superioridade. Ao status de poder exigir: “Olhe o meu currículo. Tenho direito a ser superior e impor a minha ignorância. Mas se não aceitam a minha imposição, destruo os obstáculos que se puserem em meu caminho e as pessoas que intervierem”.

Pobres e infelizes os que assim agem. Um minúsculo cálculo renal os prostra gemendo sobre o leito da morte. Sondas desconfortáveis testificam a nossa fragilidade e nos expõem à compaixão pública. Geram vergonha, pois revelam que algo não funciona. Árvore caída para o norte ou para o sul (Ec 11.3), sem vontade própria, que apodrecerá com o tempo. Que é a vida? Pergunta o desesperado pastor da Igreja em Jerusalém. “É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece” (Tg 4.14). Ou como diz Jó prostrado na cinza: “é como o vento” (Jó 7.7). Não consigo administrar a sua passagem. Apenas contemplo e colho frustrado os resultados indesejados do meu agir insano.

Para mudar a árvore que cai, precisamos cortá-la em pedaços. Aparar os galhos. Remover as raízes. Caso não seja madeira de lei, o seu fim é o fogo com sua conclusão lógica: Cinzas, que serão levadas pelo vento.

É na juventude que plantamos a nossa árvore futura. Caso a escolha sejam as águas da vida, haverá frutos em abundância amanhã. Junto aos ribeiros do bom senso e do saber ela se firmará e não temerá os vendavais normais da existência. Caso contrário hemos que amargar a sorte da tamargueira no deserto, inclusive a perda das oportunidades que Deus nos oferece para decidir (Jr 17.5-9). Impossível a queda da árvore ao ser cortada, mas é possível administrar o seu crescimento e sobrevivência.

A sociedade atual olha o jovem como produto manipulável e descartável. Sem personalidade e caráter definidos. Que pode ser induzido ao prazer das drogas. Do sexo irresponsável. Das tatuagens comprometedoras. Dos heróis sem bandeiras. Da reação descontrolada comandada por programas inexistentes. Jovens que são assassinados às centenas, sem piedade, como se fossem lixo descartável. Que precisam ser removidos do convívio social. Jovens que não têm esperança porque o futuro se lhes apresenta sombrio e sem possibilidades de mudanças.

Deus os vê diferentes. O Senhor sempre usou jovens para os seus grandes empreendimentos. Deus crê na força jovem. Sabe que o jovem, uma vez salvo, é capaz de cumprir com dignidade a missão que lhe é confiada. Deus chama jovens a servi-Lo. A crer na mensagem de esperança transmitida por seu jovem filho: Jesus Cristo. Era preciso ser jovem para suportar o peso da cruz e infâmia humana. Superar sua ignomínia. Transformar o seu horror em fonte de salvação. Por isso Deus usa jovens. A Igreja atual precisa de jovens comprometidos com Cristo. Dispostos a determinar com precisão o ponto ideal que a árvore cairá no futuro.

Para cumprir o desiderato divino, mister se faz experiência irrefutável com Cristo. Esta o levará a dizer não às facilidades para pecar. A separar os alimentos saudáveis das iguarias do pecado (Dn 1.8-15). Confiante que até mesmo as hortaliças quando condimentadas com a ação do Espírito Santo os farão mais robustos do que aqueles que não conhecem a Cristo. Você, jovem, decide onde cairá sua árvore no futuro.

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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
João 4:14

E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
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