1 de junho de 2010

“Os batistas brasileiros são amados e respeitados pela liderança que exercem no mundo”






Desde julho de 2006 o pastor Fausto Vasconcelos iniciou uma nova etapa em sua carreira ministerial, assumindo a Divisão de Evangelismo e Educação e a Divisão de Estudos e Pesquisas da Aliança Batista Mundial (BWA, na sigla em inglês). Nesta entrevista exclusiva a O Jornal Batista, o ex-presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB) explica o trabalho da BWA, relata sua atuação nesta organização e fala do profundo respeito que a liderança dos batistas brasileiros recebe ao redor do mundo.
O Jornal Batista - O que é e o que faz a Aliança Batista Mundial?
Pastor Fausto Vasconcelos -
A Aliança Batista Mundial (BWA, na sigla em inglês) foi organizada na cidade de Londres no dia 17 de julho de 1905, oportunidade na qual aconteceu seu primeiro congresso. A inscrição para o evento alcançou a cifra de três mil mensageiros, que representavam 26 países, entre os quais estava o Brasil. Desde então, e pela graça de Deus, o ministério da BWA tem se desenvolvido de forma que, hoje, 216 convenções batistas em 119 países cooperam com o organização, num total de 37 milhões de membros de 159 mil igrejas locais. A família batista, que inclui familiares de batistas e amigos da causa batista, chega a aproximadamente 105 milhões de pessoas. om base no texto bíblico de Efésios 4.5 e tendo como tema a frase “Um só Senhor, Uma só Fé, Um só Batismo”, o ministério da BWA, através de divisões e departamentos, é estruturado em torno de cinco objetivos estratégicos: Unir os batistas através da adoração e da comunhão, liderar os batistas na evangelização e educação, defender os direitos humanos, oferecer assistência aos necessitados através de ajuda humanitária e desenvolvimento sustentável, e promover a reflexão teológica. ara ficar apenas em um desses objetivos estratégicos, a Divisão de Ajuda Humanitária Internacional da WBA entrou em cena no Haiti poucas horas após o terremoto devastador de janeiro deste ano. Batistas de todo o mundo enviaram ofertas generosas para o Haiti através da BWA. ara fins de coordenação de suas atividades junto às convenções cooperantes, a BWA conta com uma divisão em seis regiões, cada uma com seu respectivo secretário-geral: Federação Batista da Ásia e Pacífico (Bonny Resu, da Índia), Federação Batista Européia (Tony Peck, da República Tcheca), Fraternidade Batista Africana (Harrison O´lang, da Tanzânia), Fraternidade Batista Norte-americana (George Bullard, dos Estados Unidos), Fraternidade Batista do Caribe (Everton Jackson, da Jamaica) e União Batista Latino Americana (Alberto Prokopchuk, da Argentina). Tudo o que foi dito acima pode ser resumido no seguinte slogan adotado pela BWA: Aliança Batista Mundial - Sua Rede de Conexão com o Mundo!

OJB - Como tem sido sua atuação na Divisão de Educação e Evangelismo da BWA?
Pastor Fausto -
Assumi no dia primeiro de julho de 2006 a direção de duas divisões: Divisão de Evangelismo e Educação e Divisão de Estudos e Pesquisas.
O objetivo da Divisão de Evangelismo e Educação é encorajar e desafiar as convenções cooperantes com a BWA na sua tarefa de proclamar e demonstrar as Boas Novas em Cristo Jesus. Para tanto, a divisão conta com quatro grupos de trabalho: Educação Acadêmica e Teológica, Educação Cristã, Saúde e Eficácia da Igreja Local e Evangelismo e Missões.
Esses grupos desenvolvem diferentes projetos, tais como Conferência Batista Internacional de Educação Teológica, Conferência de Evangelismo e Liderança “Cristo, Água da Vida”, Fundo Batista para a Evangelização e Discipulado e Minibiblioteca pastoral (destinada aos pastores e instituições de ensino teológico em países em desenvolvimento). Já o objetivo da Divisão de Estudos e Pesquisas é estimular a discussão de assuntos relevantes aos batistas, de um modo geral nos campos da Adoração e Louvor, Doutrina Batista, História e Identidade dos Batistas, Ética Cristã e Liderança Eclesiástica. Cada uma dessas áreas é coordenada por uma comissão com o mesmo título. Gostaria de destacar duas atividades destas divisões durante o período de 2005 a 2010. O primeiro são as Conferências de Evangelismo e Liderança “Cristo, Água da Vida”. Ao todo aconteceram 19 eventos em 18 países até este momento. Em abril de 2006, realizamos uma conferência na Primeira Igreja Batista de Curitiba, com excelente representação brasileira e de vários países da América do Sul.
O culto de encerramento em Curitiba, em sua beleza e conteúdo, nunca foi superado. Aliás, assim que o culto terminou o pastor Tony Cupit, da Austrália, e coordenador internacional dessas conferências, disse-me ali mesmo no púlpito da igreja: “Jamais veremos isso numa conferência 'Cristo, Água da Vida'. De fato, nunca mais presenciamos algo tão belo e inspirativo. A última conferência será em Maputo, capital da República de Moçambique, de 20 a 23 de maio próximo. Uma grande celebração de gratidão a Deus está marcada para o 20º congresso da BWA, às 16h do dia 31 de julho. O segundo destaque é a 7ª Conferência Batista Internacional de Educação Teológica. 121 participantes, vindos de 34 países, reuniram-se no campus do Seminário Teológico Batista Internacional em Praga, capital da República Tcheca. O tema “Explorando as Fronteiras Batistas: De Amsterdã para o Futuro” foi debatido através de conferências plenárias e grupos de discussão. Várias dessas conferências foram publicadas no periódico “Perspectivas em Estudos Religiosos”, da Associação Nacional de Professores Batistas de Teologia dos Estados Unidos. Para encerrar esta resposta: É bem provável que eu esteja falando dessas duas divisões pela última vez, pois em decorrência da reestruturação que a BWA vem realizando, as Divisões de Evangelismo e Educação e a de Estudos e Pesquisa desaparecerão a partir do 20º Congresso, cedendo lugar à Divisão sobre Missão, Evangelização e Reflexão Teológica, que receberá, avaliará, e re-dimensionará as atribuições de ambas as divisões.

OJB – Na sua opinião, qual a percepção da BWA com relação aos batistas brasileiros?
Pastor Fausto -
Os batistas brasileiros são amados e respeitados pela liderança que exercem no mundo. Tomo a liberdade de destacar as áreas abaixo, servindo-me de duas obras da biblioteca da BWA: “Baptists Together in Christ 1905–2005” e o periódico “Twentieth Century Baptist”. No campo da liderança eleita pela WBA, a presença dos batistas brasileiros tem sido marcante. Demos os dois únicos presidentes latino-americanos da história da organização: João Filson Soren (1960-1965) e Nilson do Amaral Fanini (1995-2000).
Ocupamos a vice-presidência através dos seguintes líderes: Zacarias Clay Taylor (1905-1911), Francis Marion Edwards (1923-1928), Manoel Avelino de Souza (1934-1939), Rubens Lopes (1970-1975), Nilson do Amaral Fanini (1975-1980) e José dos Reis Pereira (1980-1985). Contribuímos com dois presidentes do Departamento da Juventude: Daltro Miguel Keidann (1975-1980) e Denise de Vasconcelos Araújo (desde 2008). No Departamento de Homens, o doutor Celso de Oliveira foi um dos seis primeiros vice-presidentes eleitos (1960-1965). No Departamento das Senhoras, duas líderes batistas brasileiras foram também eleitas: Esther Silva Dias, representante regional para a América Latina (1955-1960), e Marlene Baltazar da Nóbrega Gomes, membro da Comissão Executiva na capacidade de presidente da União Feminina Batista da América Latina (desde 2008).
A propósito, eu apreciaria muitíssimo se os leitores me enviassem nomes de outros batistas brasileiros eleitos pela própria BWA para cargos em sua estrutura, divisões e departamentos. Além desses nomes eleitos para funções específicas na estrutura da BWA, dezenas de batistas brasileiros têm atuado no Conselho Geral e em Comissões e Grupos de Trabalho. Os seguintes líderes representam a Convenção Batista Brasileira no Conselho Geral: Carlito Machado Paes, Donaldo Guedes dos Santos, Luiz Roberto Soares Silvado, Maria Bernadete da Silva, Norton Riker Lages e Ronaldo Peryles dos Santos. A irmã Bernadete é também co-relatora do Grupo de Trabalho “Educação Cristã”, da Divisão de Evangelismo e Educação. O pastor Waldemiro Tymchak participou ativamente do Conselho Geral neste quinquênio até sua convocação à presença do Senhor. A Convenção Batista Nacional (CBN) também é membro cooperante da Aliança Batista Mundial, e conta com representantes atuantes no Conselho Geral. Salvo engano de minha parte, os seguintes líderes representam a CBN: Cláudio Espíndola, José da Silva, Lucy-Mar Campos e Ronald Carvalho. Encontrá-los e desfrutar da comunhão com eles nos eventos da BWA é sempre motivo de regozijo espiritual. No campo dos eventos, sediamos a 4ª Conferência Mundial da Juventude Batista (1953), o 10º Congresso da Aliança Batista Mundial (1960) e a Reunião Anual do Conselho Geral (2003). O 10º Congresso, de 26 de junho a 3 de julho de 1960, deixou marcas indeléveis na história da BWA. Com 12.688 mensageiros inscritos, ele foi, até então, o maior congresso realizado fora dos Estados Unidos. Nas palavras do doutor Duke K. McCall, que seria eleito presidente da Aliança 20 anos depois, “o perfil da BWA como uma organização genuinamente internacional foi o resultado mais óbvio desse congresso” (declaração publicada na página 134 de “Baptists Together in Christ). Já o periódico “The Twentieth Century Baptist” (setembro de 1960) assim comenta a eleição do doutor Soren como presidente da Aliança: “João F. Soren, da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, é o novo presidente da Aliança Batista Mundial. Sua eleição pelo 10º Congresso assinala a primeira vez em que a liderança foi entregue a uma pessoa fora do bloco anglo-americano-canadense”. O culto de encerramento do evento no Maracanã, na tarde do dia 3 de julho e com a presença de aproximadamente 200 mil pessoas, foi, e continua a ser, o maior da história da Aliança. O mesmo periódico citado há pouco traz a seguinte declaração sobre o culto: “Foi um culto notável, inesquecível como o Dia de Pentecostes, uma coroa de aprovação por parte Deus do testemunho fiel da Aliança Batista Mundial”. No campo de Evangelização e Missões, nossas iniciativas através das Juntas de Missões Nacionais e Mundiais têm sido amplamente reconhecidas. Além disso, líderes batistas brasileiros têm como que “encarnado” evangelização e missões perante os batistas de todo o mundo. No sermão do presidente proferido perante o 11º Congresso, realizado em Miami Beach em 1965, o pastor João Filson Soren conclamou os batistas de todo o mundo a “se engajarem unidos e com um só coração numa campanha liderada pelo Espírito Santo, que galvanizará numa ação evangelizadora militante” as forças cristãs do mundo. Ele exortou a todos a “um impulso poderoso na obra de evangelização mundial” (“Twentieth Century Baptist”, de setembro de 1965). O pastor Rubens Lopes, então presidente da CBB, expôs ao plenário da última sessão do congresso de 1965 a ideia de uma campanha de evangelização para as Américas em 1969, que serviria de trampolim para um movimento mundial de evangelização a partir de 1975. Fato possivelmente pouco conhecido é que a Fraternidade Batista do Caribe nasceu como resultado direto da Campanha das Américas. Por falar no pastor Rubens Lopes, ele foi homenageado durante a reunião anual do Conselho Geral em julho passado, na cidade de Ede, na Holanda, como um dos grandes pregadores batistas dos 400 anos de nossa história denominacional. Por solicitação do secretário-geral da BWA, o ministro de música Donaldo Guedes dos Santos leu um trecho do sermão “Crer para Ver”, enquanto a foto do pastor Rubens Lopes era projetada para o plenário. O pastor David Gomes foi eleito relator regional para o Brasil na Campanha Mundial de Evangelização: “Reconciliação por meio de Jesus Cristo 1973-1975”. Sua atuação à frente da Junta de Missões Nacionais, seu ministério pastoral e sua paixão como evangelista no Brasil e no exterior, há muito haviam chamado a atenção dos batistas do mundo antes de ele ser conduzido a essa função. Também a ênfase da presidência do pastor Nilson do Amaral Fanini foi inegavelmente evangelizadora. Eis o que afirma o livro “Baptists Together in Christ 1905-2005” (página 276): “Quando Nilson do Amaral Fanini foi eleito no Congresso de Buenos Aires em 1995, ninguém ficou surpreso quando ele anunciou que o evangelismo seria o seu foco principal como presidente da Aliança Batista Mundial. Fanini é um evangelista de renome mundial. Ele viajou o mundo todo, saudando os batistas e levando as Boas Novas de Cristo para quantos ainda não as conheciam”. Além disso, o pastor Waldemiro Tymchak figura entre os grandes líderes missionários dos batistas. Seu falecimento causou grande consternação no mundo batista. Em minhas viagens durante o período que antecedeu a eleição do pastor João Marcos Barreto Soares como diretor executivo da Junta de Missões Mundiais foi comum receber indagações sobre o andamento do processo sucessório. Essas indagações eu as recebi como expressão do amor e do respeito dos batistas do mundo por nossa liderança na obra missionária, particularmente através da atuação do pastor Tymchak.

OJB - Como o senhor avalia a chegada do pastor Raimundo César à BWA?
Pastor Fausto -
O pastor Raimundo César Barreto Júnior fez história na BWA ao ser eleito o primeiro diretor da recém-criada Divisão de Liberdade e Justiça. O secretário-geral da BWA, Neville Callam, ficou muito bem impressionado com o pastor Raimundo César ao examinar seu extenso currículo, antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente. À medida que os contatos foram sucedendo-se e o processo de eleição foi desenrolando-se o doutor Callam ficou ainda mais entusiasmado com a capacidade, a experiência e a visão do pastor Raimundo, tendo deixado bem claro que o pastor Raimundo é a pessoal ideal para conduzir essa nova divisão. A eleição do pastor Raimundo é mais uma evidência do carinho, do reconhecimento e do respeito com que os batistas brasileiros são tratados pelos batistas do mundo. Pessoalmente, Dione e eu temos desfrutado do convívio feliz e agradável com o pastor Raimundo César, da irma Eliã e de seus filhos, Kauã e Luana.

OJB - Em sua opinião, quais devem ser os principais desafios do pastor Raimundo na Divisão de Liberdade e Justiça da BWA?
Pastor Fausto -
Desde sua organização, em 1905, matérias relativas à justiça e aos direitos humanos têm tido prioridade na agenda da BWA. O estatuto da organização afirma que um de seus objetivos é “atuar como agência de reconciliação na busca da paz para todos os seres humanos e defender os direitos humanos, incluindo a completa liberdade”. Em 1947, a BWA nomeou uma comissão especial intitulada “Comissão sobre Liberdade Religiosa”, composta de sete membros. Essa decisão deu um perfil estrutural ao interesse da BWA na área da defesa da liberdade religiosa. Coube ao então secretário-geral da BWA, Denton Lotz, iniciar a discussão formal sobre a criação de uma Divisão de Liberdade e Justiça. Esse sonho tornou-se realidade no dia 1º de setembro de 2008, após decisão unânime do Conselho Geral da BWA em Praga, República Tcheca, em julho do mesmo ano. Através da Divisão de Liberdade e Justiça, a Aliança Batista Mundial promove o respeito pelos direitos humanos, especialmente a liberdade religiosa, como também o respeito e exercício da justiça em todas as esferas da vida humana, como valores fundamentados nas Escrituras e, por consequência, na fé exercitada pela igreja. O pastor Raimundo César, que iniciou seu ministério aqui em março último, contará com a assessoria de quatro comissões: Liberdade Religiosa, Paz, Justiça Ambiental e Social, e Defesa dos Direitos Humanos. Seu desafio principal certamente será operacionalizar a implantação dessa divisão recém-criada pela Aliança Batista Mundial.

OJB - Que palavra o senhor deixa aos batistas brasileiros?
Pastor Fausto -
Antes de tudo, agradeço a gentileza e o carinho de O Jornal Batista de abrir este espaço. Dione e eu aqui estamos desde abril de 2006, mas a distância geográfica e o fuso horário não diminuem nosso amor e nossa saudade do Brasil, particularmente dos batistas brasileiros. Em nome dos batistas do mundo, agradeço às igrejas batistas do Brasil - Convenção Batista Brasileira e Convenção Batista Nacional - a sua participação no ministério internacional da Aliança Batista Mundial por intermédio da contribuição fiel, generosa e sistemática através dos respectivos Planos Cooperativos convencionais. Se essa participação no Plano Cooperativo já está sendo efetuada, as igrejas batistas no Brasil podem considerar a possibilidade de ampliar o alcance mundial de seu ministério, participando do programa BWA Global Partners - Parceiros Mundiais da Aliança Batista Mundial. É uma oportunidade a mais para que cada igreja batista no Brasil prossiga além das fronteiras do seu bairro, de sua cidade, do seu estado e do próprio território nacional. Além disso, o pastor Raimundo César e eu nos colocamos ao inteiro dispor dos batistas brasileiros aqui na BWA. Ficaremos felizes em servi-los naquilo que Deus nos permitir. Um abraço final com um recado para todos: O pastor Raimundo César e Eliã, Dione e eu esperamos encontrar uma grande delegação brasileira no 20º Congresso da BWA, que acontecerá no Havaí de 28 de julho a 1º de agosto. Será uma oportunidade imperdível para desfrutarmos da comunhão e da camaradagem com batistas de todo o mundo, sob o tema “Ouvi o Espírito Santo!”.
FÁBIO AGUIAR LISBOA
Editor de OJB

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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
João 4:14

E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
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