11 de maio de 2011

O papel do pai


Michael Lamb em The hole of the father in child development (Editado por Michael B. Lamb, University of Wisconsin, Madison) conclui que os pais têm um importante papel a desempenhar com seus filhos – um fato que tem sido frequentemente ignorado. Shakespeare, no século XVI, já escrevia que "é sábio o pai que conhece o próprio filho". Esse conhecimento é o ponto de partida para um futuro bom relacionamento entre pai e filho. Como poderá um pai conhecer o filho se está privado de conviver com ele, ou mesmo visitá-lo, ou melhor, quase não puder vê-lo?
Michael Lamb apresenta vários trabalhos desenvolvidos por estudiosos e pesquisadores como John Nash, Henry B. Miller, Michael Lewis e Marsha Weinraub, Esther Blank Greif, Norma Radin e outros, sobre o importante papel do pai no desenvolvimento dos filhos desde os primeiros dias do seu nascimento.
Após o nascimento, a tarefa de criar os filhos é dos pais e não dos avós. A nova família é responsável por aquele ser que trouxe ao mundo. Os avós paternos e maternos, naturalmente, desempenham o seu papel, mas a responsabilidade é dos pais. O papel do pai não se restringe a dar o sustento apenas, mas o lado emocional da criança deverá ser suprido também por ele.
Pais e mães desempenham papéis diferentes na vida da criança. De acordo com os estudos de Lamb, as mães se ocupam em tarefas convencionais – cuidados físicos e brincadeiras tranquilas; por sua vez, os pais iniciam diferentes tipos de brincadeiras. Lamb afirma que as crianças preferem brincar com seus pais, porque elas respondem mais positivamente quando os pais iniciam as brincadeiras do que quando as mães o fazem. Também ele comprova que as crianças preferem ser ajudadas por seus pais, pelo fato (é claro) de eles as chamarem frequentemente para brincar, enquanto as mães se ocupam mais em cuidar delas.
A "attachment", a ligação afetiva entre pais e filhos, só se dá se houver proximidade – presença – onde se desenvolva um relacionamento afetivo das crianças com o progenitor. Como uma criança pequena receberá amor de seu pai se este não puder colocá-la no colo, afagá-la e acariciá-la? Como demonstrar-lhe amor, se estiver distanciado dela? No primeiro ano de vida, formam-se os elos afetivos que a criança carregará por toda a vida. É imprescindível que a criança desenvolva esse elo, essa ligação com o pai, que será sempre o "modelo" para identificação dessa criança. Como pode uma criança ser privada do amor do seu pai, se o amor é a base de todo o desenvolvimento emocional de um indivíduo?
Para impedir que um pai visite ou conviva com seu filho, é preciso provar que este está influenciando de forma negativa o desenvolvimento dessa criança. É necessário que essa comprovação seja feita por profissional da área (psicólogo) para constatar se a criança está passando por problemas físicos ou psicológicos por causa da presença do pai, ou se o problema apresentado pela mãe é apenas um desejo seu de afastar a criança do pai. Como um médico pode afirmar que a criança apresenta determinado distúrbio de sono ou de comportamento apenas pela palavra da mãe que quer afastar a criança do seu pai?
Por que impedir que o pai leve o filho para sua casa, onde terá mais liberdade de brincar com ele e estar em contato com os avós paternos, e por que limitar a visita do pai somente à casa da mãe? Através da ligação com o pai a criança aprende a trabalhar, a brincar, a amar e a viver. Ela forma na infância a imagem do que é ser gente grande.
Uma plantinha precisa de água e luz para desenvolver-se, assim como as crianças também têm necessidades específicas para o mesmo fim. Pai e mãe precisam dar apoio, carinho e liberdade para que a criança possa ter um desenvolvimento saudável. As crianças precisam de amor, carinho e ternura para se sentirem felizes com seus pais.
Mães que usam o marido como um "bicho-papão" ameaçador estão cavando um abismo entre a criança e seu pai, o que, principalmente nos primeiros anos, pode prejudicar bastante o desenvolvimento da personalidade dos filhos. O pai deve ser, antes de mais nada, um amigo com quem se pode brincar. As crianças sentem necessidade de se divertir junto com ele, de fazer coisas em sua companhia. Transformar o pai numa ameaça sempre presente é roubar-lhes este prazer.
Numa família em que o pai está presente, é ele quem transmite aos filhos e filhas os padrões de comportamento vigentes na sociedade. Seu exemplo e sua autoridade são decisivos na formação da personalidade da criança. É através do pai que ela costuma formar as primeiras imagens sobre o mundo que está fora dos limites do grupo familiar.
A falta de uma influência masculina pode sempre representar um elemento negativo no desenvolvimento intelectual e emocional da criança. A ausência do pai pode se transformar numa fonte inconsciente de insegurança. "O pior que pode acontecer para os filhos é verem-se transformados em instrumento de chantagem emocional na briga entre os pais, atirados de um lado para o outro como petecas. Essa situação coloca dilemas terríveis para as crianças, mesmo as de mais tenra idade. Todos os psicólogos são unânimes em afirmar que isso deve ser evitado a qualquer preço.
Durante o processo de separação, a criança fica sujeita a tensões cujo grau dependerá da sua idade e personalidade e das circunstâncias em que ocorre a separação. Em casos extremos, ela pode chegar a adoecer fisicamente, ter pesadelos, recomeçar a urinar na cama, ficar anormalmente irritável e com tendência a se apegar ao pai, à mãe ou a ambos".
Isso pode ocorrer realmente, porque a criança, mais que o adulto, percebe situações conflitantes dentro de casa – ouve as discussões e, mesmo sem entendê-las completamente, "capta" os problemas, o que lhe causa instabilidade emocional, transtornando seu comportamento. Nessa pesquisa, foi observado também que a maneira como os pais enfrentam o problema da separação pode conduzir os filhos à delinquência. Porém, quando o casal divorciado continuava a manter relacionamento amistoso, as crianças enfrentavam a separação de forma mais positiva.

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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
João 4:14

E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
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