9 de junho de 2012

MORDOMIA DA TERRA


MORDOMIA DA TERRA


Lourdes Brazil


Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna  a sua superfície  e dispersa os seus moradores...Na verdade a terra está  contaminada debaixo dos seus habitantes; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram o pacto eterno. Isaias 24;1,5

Estamos vivendo um quadro de problemas sócio-ambientais, cujas cores mais fortes são a escassez de água potável, poluição,  alterações climáticas,extinção de  espécies animais e vegetais, esgotamento das fontes de energia. Esse quadro vem  sendo  pintado há muito tempo,  pela espécie humana, pois   para  sobreviver  ela foi  obrigada, desde sua  origem  a produzir  seus próprios meios de subsistência, transformando a natureza ou  intervindo nela. Os primeiros rabiscos do quadro atual  foram feitos  a partir  do extrativismo madeireiro e  das economias primitivas, baseadas na caça, na pesca e na colheita.   Em cada estágio da humanidade  ele foi se acentuando, assumindo contornos mais  intensos no  século XX, principalmente  no pós guerra, quando o modelo  de desenvolvimento, baseado na industrialização foi implementado em diversos países. A intensificação do uso dos recursos naturais, a urbanização acelerada, o  uso de pesticidas provocaram diversos transtornos.

Em Isaias 45:18b temos a afirmação de  que Deus criou a terra e a edificou, não para ser um caos, mas para ser   habitada.  Esse propósito de Deus pode ser percebido, de forma clara, em Gênesis, na narrativa do processo de criação do Universo.

Quando Deus finalizou a criação designou cuidadores, pois Ele sabia que   era necessário que alguém cuidasse dos rios, dos mares, das florestas, do ar e das pessoas. No entanto, por uma série de fatores, os rios e os mares estão sendo destruídos por dejetos; as florestas devastadas por incêndios e desmatamentos criminosos; o ar em muitas cidades está poluído por  emissão de gases poluentes e as pessoas morrem de fome, sede, doenças. Esse quadro de  desolação tem mobilizado pessoas e  instituições em diversos países desde os anos 60.
As igrejas evangélicas, de uma maneira geral,  não tem  participado, de forma efetiva, dessa mobilização, seja  a nível local, nacional ou planetário. Não se trata de elaborar documentos, agendas ou realizar eventos. Trata-se de   incentivar  mudanças nos valores e nas atitudes de cada uma e cada uma em relação ao planeta terra,  tendo como referência a palavra de Deus. Estamos nos referindo  à mordomia da terra, cujas bases encontram-se na bíblia  e estabelece como verdade que Deus é o Senhor, o dono de tudo quanto existe na terra e no céu e concedeu ao homem o privilégio e a responsabilidade de administrar.
O objetivo dessa reflexão é sensibilizar  e mobilizar as irmãs e os irmãos para a necessidade da igreja  participar do processo de superação dos problemas socioambientais e  construção de sociedades sustentáveis, através do exercício da mordomia da terra.

MORDOMO, SERVO PRINCIPAL, O QUE ADMINISTRA A CASA DO SEU SENHOR
A palavra mordomo, em português, vem do latim majordomus, que tem o mesmo significado do grego  oikonomos (oikos, casa, e - nomos, governo). Major, em latim, é maior ou principal, e domus, casa, a casa com tudo que ela contém e significa. Assim mordomo é o principal servo, o que administra a casa do seu senhor. Numa perspectiva bíblica mordomia é o reconhecimento da soberania de Deus, a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões e administração das mesmas de acordo com a vontade de Deus, 

O Senhor  Da Casa
O senhor da casa é Deus. Essa verdade está presente em toda a bíblia, como mostram os textos a seguir:
“No principio criou Deus o céus  e a terra” Gênesis 1:1

“Do senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam. Porque Ele a fundou sobre os mares e a firmou sobre os rios”. Salmo 24:1-2

“Pela palavra do Senhor foram feito os céus  e todo o exercito  deles pelo sopro da sua boca. Ele ajunta as águas o mar como num montão; põe em tesouros os abismos. Tema ao Senhor a  terra toda; temam-no moradores do mundo. Pois Ele falou e tudo se fez” Salmo 33:6,9.


A Casa
Em Isaías  45:18 temos a afirmação de  que Deus criou a terra e a edificou, não para ser um caos, mas para que fosse   habitada.  Esse propósito de Deus pode ser percebido, de forma clara, em Gênesis, na narrativa do processo de criação do mundo. A leitura mostra que Deus estabeleceu um roteiro com  uma seqüência lógica de providências e cuidados, que garantissem, a todos os seres vivos, as condições de sobrevivência,  Os principais pontos do roteiro foram os seguintes:
a)    Criação da luz, com distinção entre o dia e a noite;
b)    Separação das águas, através do estabelecimento do firmamento;
c)    Separação entre as águas e a terra seca;
                                   Terra
                                   Mares
  
d)    Criação da cobertura vegetal
                                   Relva
                                   Ervas
                                   Ervas  que dão semente
                                   Árvores frutíferas

e)    Criação dos luminares para estabelecer o dia e  a noite, as estações e os dias

Casa em perfeitas condições e com habite-se  dado pelo próprio construtor:    E viu Deus que era bom

Os Moradores da Casa
Essas primeiras providências divinas – luz, água,  terra seca e alimentos  foram  fundamentais para a existência  dos seres vivos. Somente depois desses cuidados é que Deus colocou as espécies em seus habitats:
a)    Povoou os mares e  o  espaço
b)    Criou os animais domésticos, répteis e animais selvagens
c)    Criou o homem e a mulher


Principal Servo da Casa
Quando Deus finalizou o processo de criação designou cuidadores, pois Ele sabia que   era necessário que alguém mantivesse o padrão de qualidade dos rios, dos mares, das florestas, do ar e das pessoas.  Para isso houve um processo de seleção e os escolhidos foram as mulheres e os homens.  Infelizmente nós não cuidamos da terra como deveria e isso resultou no seguinte quadro de degradação social e ambiental


EXERCENDO A MORDOMIA DA TERRA
Pedir Perdão a Deus por Nossa Negligência em relação à sua criação
Reconhecer a Grandiosidade da Obra Divina
Enaltecer a Deus por suas Obras
Agradecer A Deus por ter Sido Colocado em tão Alto Posto
Cuidar  da Obra de Forma  a Satisfazer o Senhor.

Para isso é  necessário reconhecermos  que fomos  escolhidos  por Deus para cuidar da sua criação e executar essa tarefa, de forma  diligente. Consciente dessa incumbência devemos , então, desenvolver uma ética do cuidado.

Precisamos  também desenvolver uma atitude de preocupação e inquietação com as situações ambientais críticas. A inquietação deve focalizar não só os problemas, como também  os fatores que causam esses problemas e as várias  implicações dos mesmos para o planeta. É importante que sejamos capazes de identificar, com clareza, o que provoca o esgotamento da água limpa e as consequências dessa situação para todas as espécies. Precisamos nos capacitar através de programas de Educação Ambiental.
Precisamos agir. As questões socioambientais precisam ser incorporadas às áreas de atuação das igrejas e os evangélicos  precisam ser capacitados, através de cursos de Educação Ambiental, para cuidar do belo mundo criado por Deus, de forma que ele não seja um caos, mas um local  de habitação, para todas as espécies.

Os homens e as mulheres não foram chamados para dominar, ameaçar e destruir as demais espécies, mas sim para garantir as condições de habitabilidade para todos os seres vivos. Precisamos fazer com que a terra volte a ser um local habitável.
BIBLIOGRAFIA

BOFF, L. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres. São Paulo. Ática.1995
               Saber cuidar: ética do humano:compaixão pela Terra. Petrópolis. Vozes.1999.
CONSUMO  sustentável; manual de educação. Brasília: Consumers International MMA/IDEC., 2002.144p

Educação ambiental: as grandes orientações da Conferência de Tbilisi/organizado pela UNESCO – Brasília: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1997

HERCULANO, S. C. Do desenvolvimento (in)suportável à sociedade feliz. In:GOLDENBERG, M (org). Ecologia, ciência e politica . Rio de Janeiro. Revan.1992.

LOUREIRO, Frederico Bernardo. Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania- 2 ed. São Paulo: Cortez. 2002.

PADUA, Suzana  Machado & TABANEZ, Marlene F. Educação  ambiental: caminhos trilhados no Brasil. Brasília, 1997

Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente: saúde/Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental – 3 ed. – Brasília: A Secretaria, 2001 128p


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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
João 4:14

E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
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