18 de junho de 2012

A VIOLÊNCIA SOB A ÓTICA PASTORAL



Não é possível para nenhum de nós deixar passar despercebidamente o que tem acontecido em nossa sociedade nestes últimos dias. Foi com muita indignação e frustração que lemos nos jornais e vimos as cenas na TV, do desfecho do seqüestro do ônibus no Rio de Janeiro.
Pior ainda é ver que a classe política e também nós cidadãos de uma maneira geral, nos tornamos insensíveis a tudo isso que tem acontecido em nossa sociedade. Parece até que perdemos a capacidade de nos indignar contra este tipo de coisa.
Esta barbaridade, se tornou tão comum em nosso meio, a televisão banalizou de tal forma a violência, que para a grande maioria de nós esta foi mais uma tragédia dentre as muitas que acontecem todos os dias no Brasil. As cenas do policial vindo em direção ao assaltante e disparando nele, mais pareciam as cenas de um filme policial qualquer de Hollywood, que já nem mexem mais com nossa sensibilidade ou  nossa capacidade de ficar indignados.
Diante dessa gigantesca tragédia social em que todos nós estamos imersos, parece-nos que uma das alternativas que encontramos é ser indiferentes a esse tipo de realidade que nos cerca e continuar a nossa existência fingindo que tudo isso não nos afeta. Enclausurados em nossos castelos e ilhas de prosperidade, cercados por todos os lados de pobreza e miséria estamos seguros.
Ainda, um outro sentimento que talvez permeie as nossas mentes, nessas horas seja o da impotência, de não poder fazer nada, de não poder mudar nada, de não poder levantar a voz e ficar quietos, porque afinal de contas quem somos nós para mudar alguma coisa?  
Qual deve ser a postura do cristão em meio a toda essa violência que nos cerca? Qual a postura que a comunidade cristã deve assumir diante de tudo isso? Como podemos nos fazer ouvir e tentar pelo menos fazer conhecidos os valores do Reino de Deus nestes casos?
Em primeiro lugar, creio que como cristãos, indistintamente devemos levantar a nossa voz e orar pela paz da cidade. Queremos  evocar, como pastores que somos, o livro de Jeremias, no Antigo Testamento, quando este convoca os judeus cativos da Babilônia, dizendo “procurai a paz da cidade..., e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” A violência nos afeta a todos, e orar é algo que todos nós enquanto comunidade cristã podemos fazer.
Em segundo lugar, cremos que devemos recuperar a voz profética que foi tão característica dos homens e mulheres de Deus em meio a uma sociedade corrompida e cheia de injustiça e violência. Foi assim com Habacuque, num outro livro do Antigo Testamento, que vendo a iniquidade e a opressão ao seu redor, clama por respostas, diante de Deus. Qual o porquê de tanta violência, “até quando clamarei eu e tu não me escutarás? Gritar-te-ei violência e não salvarás?” A lição que aprendemos com Habacuque é de que o Senhor, reto juiz, trará juízo no seu próprio tempo e ele nos chama para anunciar este juízo sobre os perversos, soberbos, violentos, corruptos e aqueles cujo poder é o seu deus.
Em terceiro lugar, cremos que precisamos resgatar o espírito dos ensinos de Jesus. Talvez, até quem sabe, fazer uma nova leitura deles, especialmente neste caso de Mateus 5:9. Diante de situações como as que vivemos dia a dia, quando o Senhor nos fala que são “bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” Todo cristão, de acordo com esta palavra de Jesus, deve ser um pacificador, tanto na igreja como na sociedade.
Concluindo gostaríamos de alertar para uma questão que muitas vezes não nos damos conta. Que podemos, através da ação individual transformarmos esse tipo de realidade. Como? Através do exercício da nossa cidadania. Colocando em prática valores como dignidade humana, justiça, paz, amor, respeito ao próximo e acima de tudo consciência crítica diante deste contexto gerador de morte. Fica a responsabilidade de cada um de nós cidadãos, a fazer uso, por exemplo da força do nosso voto, para que as estruturas geradoras de morte possam com a nossa intervenção social, serem vencidas. E isso só acontecerá quando nos conscientizamos da necessidade que temos de nos voltarmos para Deus e os valores do seu Reino e termos consciência que ele é o Senhor da Vida e da História.

Valdir Xavier de França e Ismar do Amaral
Pastores e Professores de Teologia em Londrina

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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
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Apocalipse 22:17
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