19 de dezembro de 2012

Amizade - um elo para ser preservado



Quem não se lembra de um amigo, na infância, na adolescência ou mesmo na vida adulta? Alguém que deu sentido a um relacionamento mais informal, um bate-papo descontraído, alguém com quem se ajustou na crise da adolescência ou enquanto criança brincavam, corriam e deixavam a adrenalina solta. Quem nunca teve um amigo? Os amigos contam entre as maiores riquezas que se pode ter nesta vida, entretanto a verdadeira amizade é aquela de que necessitamos para o preenchimento de nossa alma. O ser humano não foi feito para viver isolado, ele precisa do outro para formarem um elo de amizade, portanto, estão cada vez mais raros e mais desvalorizados os conceitos de uma sincera amizade.
Em toda a história da humanidade, a amizade sempre foi exaltada. Jesus, falando aos seus discípulos em João 15. 15, disse: "Não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que fez o seu senhor, mas tenho vos chamado amigos...". Entretanto a vida agitada dos dias modernos colabora para a falta das amizades duradouras, favorecendo o isolamento e o individualismo cada vez maior do ser humano.
Antoine de Saint – Exupéry, no seu livro O Pequeno Príncipe, no diálogo entre o Príncipe e a Raposa, escreceu:
–    Se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro (...). “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não tem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
–    O que é preciso fazer? – perguntou o principezinho.
– É preciso ser paciente, – respondeu a raposa. – Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto"...
Para uma amizade sincera, não precisamos ser especiais, temos que ser nós mesmos. O importante, como explicou a raposa, é que se queremos ser amigo de alguém, temos que ter paciência para trabalhar na lapidação desse relacionamento, com amor e com responsabilidade. Em todo tempo, é importante enfatizar que a amizade é uma forma de amor e não um relacionamento apenas de convivência, mas de sentimentos cativados, que se entrelaçam e se solidificam a despeito da distância e do passar dos anos.
Uma amizade é caracterizada por atitudes marcantes capazes de tornar sólida e duradoura a relação amiga. Vejamos algumas:
Fidelidade: Isto significa que podemos contar com o amigo em qualquer tempo. Já dizia Salomão: "Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia nasce o irmão" (Provérbios 17. l7). Nas horas difíceis, nos momentos obscuros da vida é que se sente o sabor e frescor da amizade sincera. E assim o elo vai se fortalecendo e os amigos passam a ser valorizarem e a se amarem como irmãos.
A Bíblia narra uma das mais belas histórias de fidelidade entre duas amigas: Rute e Noemi. A jovem Rute deixou claro para a sua sogra Noemi que aquele elo de amizade era tão forte que nada iria impedir a separação: "... Onde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei. O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus" (Rute 1.16).
O relato bíblico de Jônatas e Davi também inspira uma condição de amigos fiéis. Jônatas era responsável por mil homens; Davi, por algumas ovelhas. Jônatas era herdeiro do trono (filho do rei Saul); Davi, ungido do Senhor para reinar (1 Samuel 16.13). Com todas as diferenças vividas no dia-a-dia de cada um, ambos forjaram uma amizade invencível, duradoura e leal. E a atitude de aceitação do outro pelo o que ele é. O rabino Jeshua Liebman diz: "Amamos na realidade o próximo quando deixamos de exigir que ele se transforme numa versão modificada dos nossos pensamentos – uma edição revista de nós mesmos". Por que concordar sempre com o que o outro faz? O importante é reconhecer e valorizar o direito que ele tem de pensar e agir, sempre respeitando a singularidade do outro.
Crescimento Mútuo: O elo de amizade deve proporcionar desenvolvimento das partes, não desperdiça tempo, é simbiótico e sinérgico, ou seja, representa uma boa troca. É boa para quem a ela se dá. É boa para quem dela se utiliza. E é benéfica para os que nela se harmonizam e se envolvem para um mesmo fim. George Washington disse: "A amizade é uma planta de lento crescimento, que deve sofrer e vencer os infortúnios, antes que seus frutos cheguem à completa maturidade.”
Portanto, a construção de uma boa amizade não é manter o outro numa prisão, enclausurado, sufocado. As atitudes de manipulação, utilitarismo, obsessividade, ciúme, paixão não correspondem ao conceito de uma amizade sadia. Os verdadeiros amigos nos dão um senso de autonomia e liberdade em que todos crescem. O sábio Salomão adverte: "Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo" (Provérbios 27.17). O princípio do crescimento mútuo está na capacidade de estímulo que um dá ao outro para a realização de seus sonhos, ideais e metas.
Relacionamento transparente: O amigo não usa máscara, é sincero na sua relação, fala o que o outro precisa ouvir. Age com respeito e franqueza. Atitudes como estas estão cada vez mais escassas nos elos de amizade. Parece não haver tempo para os amigos cuidarem, zelarem, preservarem a amizade. E isto não significa saturar e nem ser "chato", e sim cultivar a beleza de uma amizade. Uma amizade sincera é como os ferrolhos das portas do palácio, já dizia o sábio Salomão. Isto é, permanece forte, rígida, segura, mesmo com o passar do tempo. Lembro-me do trecho de um cântico que diz: "Se uma boa amizade você tem, louve a Deus, pois a amizade é um bem! Toda boa amizade você dever preservar. Corno é bom quando se sabe amar. Uma boa amizade é mais forte do que a morte – mesmo longe na saudade, a amizade vai ficando até mais forte..."
Para finalizar, observe alguns conselhos que Ted W. Engstrom ressalta no seu livro Amigos de Verdade:
  • Devemos cultivar amizades desinteressadamente.
  • Seja autêntico na amizade.
  • Aplique-se em ouvir o que o outro tem a dizer.
  • Trate o outro sem discriminação.
  • Não poupe palavras de elogios e apreciação sinceras.
  • Ressalte os pontos positivos e as qualidades do amigo e não os seus pecados e fraquezas.
  • Perdoe o amigo tantas vezes que se fizer necessário.
  • Desfrute da amizade respaldada nas virtudes e caráter de Jesus.

Amizade é um elo para ser preservado a despeito de todas as circunstâncias. Um amigo desafia o caráter do outro. Há um ditado que diz: "Os amantes estão normalmente face a face, absorvidos um no outro; os amigos lado a lado, absorvidos em algum interesse em comum.”
A amizade não é um nó, é um elo para ser respeitado, valorizado e preservado... para sempre.
Ana Lúcia Leonardo Carriço / Pedagoga - RJ

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aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
João 4:14

E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.
Apocalipse 22:17
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