"O
coração do homem pode fazer planos (aos homens pertencem os
planos), mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Todos os
caminhos do homem são puros aos seus pró[rios olhos, mas o Senhor
pesa o espírito (avalia os motivos). Confia ao Senhor as tuas obras
(tudo o que fizerdes), e os teus desígnios serão estabelecidos (eos
teus planos serão bem sucedidos)" (Pv. 16:1-3).
"Há
caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de
morte" (Pv. 16:25).
"Onde
não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos
conselheiros, há bom êxito" (Pv. 15:22).
Está
se aproximando o último dia do ano. Em algumas horas começaremos um
novo ano nas nossa vidas. Temos
planos? Quais são?
É legítimo
fazê-los? Pode ser
bastante útil considerar o assunto num momento como este.
Nós
temos conhecimento dos Planos
Eternos de Deus,
sobre a vontade soberana de Deus no universo e nas vidas de cada um
de nós. Mas o que
as Escrituras nos dizem sobre os planos humanos?
O
livro de Provérbios nos é especialmente útil neste sentido. Nós
podemos definir provérbio como sabedoria concentrada. São frases
que resumem ensinos necessários à vida humana. Mas o
Livro de Provérbios
é muito mais do que isso: tem
a chancela divina.
É inspirado.
Alguns dos ensinos mais
diretos e relevantes sobre o assunto (Os Planos e Projetos Humanos),
são encontrados neste livro, especialmente no capítulo 16.
Observemos rapidamente estes
textos que falam de planos, projetos ou caminhos humanos, em busca de
orientação para as nossas vidas.
O que eles nos ensinam?
1. A Legitimidade dos Planos Humanos
Estes textos nos ensinam que
os planos e os projetos humanos são legítimos. Os animais são
direcionados pelo instinto, eles não têm planos, são movidos pela
satisfação das suas necessidades físicas. Mas não pode ser assim
com os seres humanos racionais. Nos compete fazer planos, traçar
caminhos, estabelecer propósitos e metas na vida.
Jesus
ilustra a legitimidade dos projetos humanos com a seguinte pergunta:
"Pois,
qual de vós, pretendendo construir uma torre não se assenta
primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a
concluir? Para não suceder que, tendo lançados os alicerces e não
a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele dizendo: este
homem começou a construir e não pode acabar". (Lc.14:28-30)
Por
outro lado, a preocupação excessiva pela vida não é lícita.
Temos que confiar na fidelidade de Deus. Mas a negligência e
ociosidade são igualmente ilícitas. Ao mesmo tempo em que as
Escrituras condenam a solicitude pela vida, não apresentam a formiga
como modelo de prudência, por armazenar no verão o alimento para
comer no inverno. (Pv. 6:6-11; 30:25)
2. O Perigo dos Planos Humanos
Mas o coração do homem é
enganoso e precisamos reconhecer isso. A nossa capacidade de
avaliação da retidão e pureza dos nossos projetos é muito falha.
Nós somos tentados a considerar os nossos caminhos sempre retos aos
nossos próprios olhos. Entretanto, caminhos que nos parecem retos,
são estradas perigosas que levam a precipícios mortais.
-
Cuidado com a avareza
Nos nossos planos devemos Ter
cuidado especial contra o perigo da avareza, que está intimamente
ligado ao desejo de riqueza.
Neste sentido o apóstolo
Paulo adverte Timóteo:
"Ora,
os que querem ficar ricos caem em tentações e ciladas, e em muitas
concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens
na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos
os males; e alguns, nesta cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos
se atormentaram com muitas dores". (1Tm. 6:9-10)
Nossos planos de riqueza podem
esconder perigosas ciladas para nossa alma. Tenhamos cuidado.
Jesus mesmo advertiu os seus
discípulos contra o perigo da avareza dizendo:
"Tende
cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um
homem não consiste na abundância de bens que possui"(Lc.12:15).
E contou-lhes uma parábola
para ilustrar sua advertência: a parábola de um rico agricultor que
construi celeiros cada vez maiores para armazenas sua produção, com
o propósito de satisfazer a carne, mas não fez nenhuma provisão
para sua alma. Conclusão da parábola:
"Mas
Deus lhe diz: louco, esta mesma noite te pedirão a tua alma; e o que
tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si
mesmo e não é rico para com Deus"(Lc. 12:20-21).
-
Cuidado com a auto-suficiência
Outro perigo que pode estar
por trás dos nossos planos é a auto-suficiência, a arrogância. Se
os nossos planos são absolutos, se não dependem da vontade de Deus,
é bem provável que se constituam em caminho de morte. Se pensamos
que podemos contar com o futuro, e dispor dele como nos aprouver,
demonstramos insensatez e estamos completamente enganados.
Este mesmo capítulo 16 de
Provérbios nos adverte:
"A
soberba precede a ruína, e a altivez do espírito a queda"
(Pv.16:18).
Muitas pessoas parecem
administrar suas vidas como se tudo dependesse apenas delas, como se
fossem auto-suficientes, senhores absolutos de suas vidas e destino.
Mas nós não podemos contar com o futuro. Nós ignoramos
completamente o que ele nos trará. Agir como se fôssemos senhores
de nosso futuro é pecado. Melhor é fazermos bom uso do presente.
Recorramos a carta de Tiago
(prática como o livro de Provérbios), e atentemos a sua
advertência:
"Atendei
agora voz que dizeis: hoje ou amanhã iremos para cidade tal, e lá
passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucro. Vós não sabeis o
que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina
que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis
dizer: se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos
isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes
pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna"
(Tg.4:13-16).
O homem não pode acrescentar
um côvado ao curso da sua vida. Ele está inteiramente nas mãos do
Todo-Poderoso, e deve reconhecer sua incapacidade para dirigir sua
vida à parte de Deus; quanto mais o futuro! Nós não temos nenhum
controle sobre ele, e temos de depender inteiramente de Deus. Por
isso, nossos lábios devem aprender a pronunciar com mais frequência
esta pequena frase: Se o Senhor quiser. Mais importante ainda, nossas
mentes, vontades, desejos, planos e projetos para o futuro devem
estar impregnados desta atitude. Não como nota de rodapé, mas como
conteúdo.
Os planos são legítimos, mas
cuidado com a avareza e com a arrogância; com o amor ao dinheiro e
com a auto-suficiência. A vida de um homem não consiste na
abundância de bens; nem tem ele domínio algum sobre o seu futuro.
3.
A Atitude Sábia com Relação aos Planos Humanos
Qual então, é a atitude
sábia com relação ao assunto? Como podemos agir com sabedoria, ao
traçarmos nossos planos para o futuro?
-
Confiar nossos planos ao Senhor
Devemos confiar ao Senhor os
nossos planos, se desejarmos que tais planos sejam caminhos de vida.
Podemos traçar os caminhos, mas conscientes da nossa falibilidade,
devemos deixar que o Senhor nos dirija os passos.
"Confia
no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio
entendimento, reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele
endireitará as tuas veredas"(Pv.3:5-6).
Nossos planos devem ser
traçados com humildade, na dependência de Deus. Não como se
fôssemos senhores do nosso futuro, mas como alguém que reconhece
que depende inteiramente da vontade de Deus.
-
Crer na soberania absoluta de Deus sobre o universo
Isto implica em reconhecermos
a soberania de Deus sobre as nossas vidas. Em reconhecermos que o
Senhor tem um plano eterno, perfeito e imutável. E que Ele faz todas
as coisas de acordo com o conselho da Sua própria vontade.
-
Planejar de conformidade com a vontade revelada de Deus
Implica também, que nossos
planos devem ser traçados à luz da revelação bíblica como um
todo. Objetivamente falando, este é o pré-requisito fundamental
para o sucesso dos nossos planos. Que eles estejam de acordo com a
vontade de Deus revelada nas Escrituras.
As Escrituras estão repletas
de princípios gerais que devem nortear as nossa vidas. Se nossos
projetos contrariam estes princípios gerais, não podemos esperar a
bênção de Deus sobre eles. Não podemos acalentar que, de algum
modo, possam ser projetos corretos.
Para isso precisamos os
empenhar para conhecê-la bem e nos exercitarmos na piedade, a fim de
que possamos estar dispostos a nos submeter a ela. De outro modo,
embora conhecendo a vontade de Deus, estaremos de tal modo escravos
da vontade da carne e dos nossos próprios pensamentos, que não
conseguiremos levar nossos planos cativos a obediência de Cristo.
-
Não dispensar os conselheiros
Além do que já foi dito, as
Escrituras nos ensinam que não podemos dispensar os conselheiros:
"Onde
não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos
conselheiros, há bom êxito"(Pv.15:22).
Há pessoas mais idosas com as
quais podemos nos aconselhar. Os filhos devem recorrer aos pais - em
algumas ocasiões os pais também devem recorrer aos filhos. O
conselho de irmãos em Cristo mais experientes, e de pastores, podem
determinar o bom êxito dos nossos projetos. Enquanto que onde não
há conselheiros, muitos fracassos podem ser esperados.
É espantoso ver como
determinadas pessoas nunca solicitam conselhos.
Concluindo
Logo estaremos começando um
novo ano. Faremos bem em considerar nossas vidas, fazer um balanço
em todas as áreas e fazer planos para o futuro; planos relacionados
aos nossos estudos, profissão, relacionamentos e, especialmente,
planos espirituais. Em que temos errado? Do que temos que nos
arrepender? O que temos que fazer para viver de modo que agrade mais
ao nosso Senhor? Como servi-lO melhor?
Planejar é lícito mas temos
que estar alertas contra os perigos de nos concentrarmos nas riquezas
e da não dependência de Deus. Ambas as atitudes são tremendamente
perigosas e antecedem a queda, a ruína e a perdição.
Nossos planos para o futuro
tem que ser feitos no Senhor; temos que reconhecer que Ele é o
Senhor absoluto da nossa vida e do nosso futuro. Temos que
pacientemente aguardar que Ele nos dirija os passos, e traçar nossos
planos à luz da revelação especial das Escrituras.
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