JUSTIÇA SOCIAL NOS SALMOS
Leitura bíblica (texto usado: Nova Tradução na
Linguagem de Hoje)
Salmo 10. 17 e 18:
SENHOR Deus, tu ouvirás
as orações dos que são perseguidos e lhes darás coragem. Tu ouvirás os gritos
dos oprimidos e dos necessitados e julgarás a favor deles para que seres
humanos, que são mortais, nunca mais espalhem o terror.
Salmo 72.1-4:
Ó Deus, ensina o rei a
julgar de acordo com a tua justiça! Dá-lhe a tua justiça para que governe o teu
povo com honestidade e trate com justiça os explorados. Que haja prosperidade
no país, pois o povo faz o que é direito! Que o rei julgue os pobres
honestamente! Que ele ajude os necessitados e derrote os que exploram o povo!
Salmo 41.1:
Felizes são aqueles que
ajudam os pobres, pois o SENHOR Deus os ajudará quando estiverem em
dificuldades!
Momento de interação
Notas para o pregador:
Explicar aos ouvintes que nesta reflexão descobriremos o quanto o povo
de Deus na bíblia cantava sobre justiça social, e o que isso implica para a
igreja hoje.
Destaque o fato de que o texto para a reflexão incluiu citações de três
salmos, e que cada um fala claramente sobre questões sociais. Explicar que os
salmos formaram o hinário, ou arquivo multimídia, dos cânticos de louvor dos
judeus.
Pedir, agora, que pessoas citam louvores que cantamos na igreja hoje que
falam sobre justiça social. Dê um tempinho para eles pensarem e falarem,
encorajando se for difícil. Provavelmente a lista vai ser pequena.
O poder espiritual da música
Apesar de talvez não
parecer, uma das áreas da vida da igreja onde mais aprendemos e absorvemos
conceitos sobre Deus, e a vida cristã, é nos cânticos de louvor. Pense quantas
vezes durante a semana passada você cantou algum hino ou cântico, e depois
conte as vezes que citou a pregação de domingo passado. Provavelmente os
cânticos ganham. Até muitos pastores usam as palavras de cânticos,
conscientemente ou inconscientemente, para reforçar as suas pregações. Aquilo
que cantamos e as músicas que escutamos tendem a enraizar-se nas nossas mentes,
nas emoções e nas nossas almas. Os seus conceitos dão direção às nossas emoções
e decisões. Uma música, durante anos não ouvida, pode trazer à memória
alegrias, tristezas e lições aprendidas muito mais cedo na vida.
Isso pode ser uma coisa
muita positiva na vida da igreja. Em Colossenses 3.16, o apóstolo Paulo vincula
a instrução mútua dos crentes ao canto de salmos hinos e canções sagradas. Por isso é bastante importante nós prestarmos
atenção àquilo que cantamos, e àquilo que como consequência estamos aprendendo
sobre Deus e a vida cristã. A letra e a melodia podem nos fazer sentir bem –
mas elas refletem verdades bíblicas?
Reflexão central
Tendo esta pergunta em
vista, gostaríamos de afirmar que não tem melhor lugar para nós procurarmos
aquilo que devemos estar cantando, e os temas que devem estar nos nossos
louvores, de que o hinário bíblico, os Salmos. E é especificamente diante do
tema de justiça social que encontramos uma surpreendente dissonância entre os
cânticos bíblicos e os louvores das nossas igrejas hoje no Brasil.
Simplesmente, não cantamos quase nada sobre justiça, pobreza, pecado social
coletivo, opressão, ou a necessidade de socorrer os excluídos. Enquanto os
Salmos são encharcados destes temas.
Em uma das oficinas do
Congresso de Ação Social da Convenção das Igrejas Batistas Unidas do Ceará
(CIBUC), em 2008, estudamos esta questão. Os participantes foram divididos em
cinco grupos, para cada um pesquisar, durante quinze minutos, blocos de trinta
Salmos, assim cobrindo o livro todo. A pesquisa foi simples: procurar Salmos
que contêm os temas, pobreza, justiça ou injustiça social, fome e outras
questões relacionadas à vontade de Deus para a sociedade humana. Nestes poucos
minutos os grupos encontraram 45 cinco Salmos dos 150. Conclusão: pelo menos
30% (praticamente um terço) dos cânticos que o povo da Bíblia, isso é, Jesus e
os seus compatriotas, cantava na sinagoga, abordavam questões sociais. Justiça
social e cuidados para com os pobres foram temas constantes nos louvores de
Jesus. No hinário batista mais novo, o Hinário para o Culto Cristão,
encontram-se SEIS hinos e SETE leituras bíblicas sob o tema Responsabilidade
Social, no índice de seiscentas e treze itens: 2 e pouco por cento. Essa é a
dissonância a que eu me refiro.
A igreja do Novo
Testamento demonstrou uma profunda preocupação com questões sociais. Mesmo com
os relatos das ações sociais desta igreja disponíveis permanentemente para
podermos ler, muitas das nossas igrejas nem sonham em preocupar-se com questões
sociais. Uma das razões pode ser as músicas que estamos cantando.
[Nota para o pregador: Se na tua igreja tiver mais costume de pregações
interativas, no lugar de relatar a experiência acima citada, faça o mesmo
exercício com os ouvintes, para eles mesmos fazerem a descoberta de quantos
Salmos tratam destes temas. Terá que reduzir o tempo dado para a pesquisa a
cinco ou dez minutos, para caber dentro do contexto de culto]
Vamos examinar isso com
mais detalhes:
Salmo 41:1 é uma
exortação explícita para “ajudar os pobres” (BLH). Muitos outros Salmos declaram Deus (ex: 9.9;
10.17-18) ou o rei (ex: 72.1-4) defensores dos pobres e mantenedores da justiça
social.
Poderia talvez
argumentar-se que, ao clamar e orar constantemente ao Senhor por misericórdia no meio de tanta injustiça (ex: 34.6;
71; 120; 121), os Salmos indicam que devemos olhar para Deus, e não aos seres
humanos, para corrigir os maus sociais. Por outro lado, poderíamos igualmente
argumentar que, como imitadores de Cristo (1 Cor 11.1), chamados a vivermos os
valores do Reino de Deus, crentes devem seguir o exemplo de Deus e do seu Rei
em: julgar honestamente os aflitos do povo, salvar os filho dos necessitados, e
esmagar o opressor. (Salmo 72:4)
Ainda que concluamos que
os Salmos realmente ensinam que devemos olhar somente a Deus para Ele restaurar
a justiça, ainda fica claro que o povo de Deus deve estar cantando sobre
pobreza e injustiça, ansiosamente desejando uma sociedade livre da opressão.
Aplicação
O teólogo Americano,
Tel, referindo-se aos louvores no contexto estadunidense, reclama de um
“cardápio desnutrido” de cânticos, e pergunta, “Em limitarmos os cânticos da
comunidade àqueles que cantam de alegria, será que nós estamos, de fato,
tentando distanciar a realidade dos problemas do mundo de nós?”. É uma pergunta
que poderíamos colocar ao nosso povo evangélico, acrescentando uma preocupação
de que o foco em rogar constantes bênçãos pessoais sobre “a minha vida” nos faz
esquecer que nós fomos chamados por Cristo para abençoar e cuidar dos outros,
não para sermos egoístas. (Provavelmente, se analisarmos o nosso ‘cardápio
desnutrido’ procurando músicas sobre evangelismo, ele estaria em falta nesta
área também.)
Precisamos primeiro,
então, resgatar e cantar os cânticos belos dos nossos hinários, cantores, e artistas
evangélicos, que celebram os temas de justiça, pobreza, o cuidar do outro, e o
levantar a voz em favor dos oprimidos.
Precisamos cantar e perguntar-nos “Que
Estou Fazendo Se Sou Cristão?” (Hinário
Para o Culto Cristão, Nº 552)
[Nota para o pregador: No kit da CBB para este mês de Ação Social
encontram-se sugestões de outras músicas apropriadas. Neste momento da pregação
podem ser citadas letras boas, que devem ser pesquisadas antes da pregação.
Pode também combinar com o grupo de louvor para cantar algo logo após a
mensagem. Sugestões “Meus dias, teus dias” Armando Filho; “Justiça Social” ou
“Para Cima Brasil”, ambos por João Alexandre]
Mas, em segundo lugar, já que não existem muitas
destas músicas, e logo esgotaremos o repertório, vamos compor mais! Os músicos
competentes das nossas igrejas podem ser encorajados a fazer isso. Quem sabe,
novos compositores e compositoras se revelarão. Qualquer dificuldade em
encontrar poetas pode ser superada utilizando as letras prontas dos Salmos!
Resumo
final
Não devemos esquecer a razão para que fazer isso:
porque a música é capaz de nos ensinar verdades sobre a vida cristã.
Uma das verdades da vida Cristã é que Deus chama o seu
povo para cuidar dos excluídos e oprimidos da sociedade.
Usando as palavras que Paulo escreveu a Tito (3.14)
“... quanto aos nossos, que aprendam também a
distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem
infrutíferos”
Mark E Greenwood
Abril 2009
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